Em Divinópolis, 23% das pessoas inscritas no CadÚnico vivem com renda per capita de até R$ 105 

33,1 milhões de pessoas não têm o que comer no país. Isso é o que mostra o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (8/6).

A sondagem foi realizada pelo Instituto Vox Populi, com apoio e parceria de Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Serviço Social do Comércio (Sesc).

De acordo com o levantamento, o número de novos brasileiros em situação de fome aumentou em 14 milhões em pouco mais de um ano. Mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau, seja leve, moderado ou grave.

Segundo a pesquisa, o país retornou a um patamar equivalente ao da década de 1990. Na pesquisa feita no ano passado, a fome no Brasil tinha voltado para patamar equivalente ao de 2004.

Para a presidente licenciada da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Valéria Morato este cenário pode ser explicado pela falta de política públicas que empurra trabalhadores para a informalidade.

“Um país que não tem olhar para o seu povo, que joga para a informalidade esses profissionais, trabalhadores, uma vez que os postos de trabalho são fechados, isso leva a desespero e a fome”, afirmou e completou: “Com R$ 100 não tem como sobreviver, quem dirá viver”.

Para ela, é necessário criar políticas que possibilitem emprego e renda.

“Faltam políticas públicas que estão em estado de uma grave insegurança alimentar e precisamos alterar este cenário o mais rápido possível, para um olhar de geração de emprego e renda, de formação desses trabalhadores que estão ao relento, porque o desemprego é o mais alto grau de vulnerabilidade do ser humano, é onde fica mais exposto e passar fome é uma questão que leva muitas pessoas a morte, seja por desistirem de viver ou seja por morrerem de fome”, destacou.

Divinópolis

O cenário em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, também é preocupante. São 46.256 pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até abril deste ano. Em 2020, quando começou a pandemia da COVID-19 eram cerca de 34 mil.

Do número atual, 23% (10.418) integram famílias em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda per capita de até R$ 105. 18% (8.519) são pessoas de famílias em situação de pobreza, ou seja, renda familiar entre R$ 105, 01 a 210; 40% (18.277) de baixa renda e 20% tem renda per capita mensal acima de meio salário mínimo.

As 46.256 pessoas estão divididas em 19.121 famílias. Ao todo, são 4.549 famílias vivendo em extrema pobreza, 2.794 em situação de pobreza; 6.496 consideradas baixa renda e 5.282 tem renda acima de meio salário mínimo.

Os dados são Painel de Monitoramento do Governo Federal.