“Estamos trabalhando sábado, domingo, feriado, sem parar”, afirma tenente Carlos Alberto

A tragédia envolvendo a barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, completou, em julho, seis meses. As ondas de rejeitos de minério levaram , além de toda a extensão do local, 248 vidas e 22 pessoas desaparecidas.

186 dias depois, centenas de militares do Corpo de Bombeiros continuam no local, empenhados na busca das vítimas ainda não identificadas. Desde então, equipes de diversas partes do estado estão ajudando a concluir o processo, dentre elas da região Centro-Oeste.

Segundo os Bombeiros, cerca de mais de 60 militares daqui já foram enviados para auxiliar nesta missão. O empenho é realizado de forma semanal, o qual as equipes viajam para Brumadinho às quintas-feiras e retornam na semana seguinte, em um sistema de revezamento.

Parte do efetivo acompanha o trabalho dos maquinários pesados, fazem a remoção dos rejeitos, vão para áreas específicas, as quais os cães buscam os segmentos corpóreos e em outras, até algumas relacionadas à drenagem, devido à existência de muitas nascentes e barramentos de água.

Vivência

Fotos: Divulgação/Bombeiros

O PORTAL CENTRO-OESTE conversou com o tenente Carlos Alberto Ramos, que esteve em Brumadinho, no auxílio durante as buscas. Ele explicou que o clima no local envolve muito a empatia e o apoio, tendo o empenho de militares de outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, por exemplo.

“A carga emocional é muito grande. Fazemos reuniões semanalmente com as famílias dos desaparecidos. Elas estão nessa luta e a gente tem essa empatia com o pessoal. Estamos trabalhando sábado, domingo, feriado, sem parar e encontrando corpos e segmentos que são passados para a PC realizar a identificação”, explicou.

O militar ainda declarou que o Corpo de Bombeiros teve que se adaptar em cada fase das buscas, as quais, em cada uma, são utilizadas ferramentas e maquinários, de acordo com o dinamismo das etapas.

“Inicialmente, o rejeito estava tão líquido, que era impossível de ter o acesso. Com isso, fizemos as buscas superficiais com helicópteros, rastejando. A medida que as fases foram passando, hoje já é um outro tipo de busca. A lama já endureceu, conseguimos caminhar sobre o rejeito e têm sido feitas estradas para termos acesso a lugares que antigamente não tínhamos (…) Inclusive tivemos o emprego de uma ferramenta que é o magnetômetro, o qual um radar capta o campo magnético de conjunto de metais, produz um relatório e temos cavado pontualmente nestes locais, pois a área é muito extensa”, detalhou.

Missão

O trabalho do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em Brumadinho se tornou referência no país e no exterior. Além da experiência, segundo Tenente Ramos, gratificante de obter o know how neste tipo de ocorrência, ele concluiu que a missão maior é localizar todos os desaparecidos ainda não identificados, trazendo assim o conforto para os familiares das vítimas.

“Colocamos no local as fotos dos 22 desaparecidos, com os dizeres “a nossa motivação de estarmos aqui””, finalizou.

Com este objetivo e missão em mente, o tenente e mais outros três militares irão embarcar para Brumadinho, nesta quinta-feira (01), para dar continuidade às buscas.