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Na semana passada, lendo alguns blogs de comunicação que acompanho, me deparei com uma nova rede social, chamada Pinsex, considerada o futuro do “porn social”. A ideia é que com o bloqueio imposto pelo Facebook, Twitter, Pinterest e outros em relação a material pornográfico e/ou sensual, os usuários que têm interesse nessa área tivessem uma rede social liberada. Detalhe: quando li o artigo, o Pinsex teria uma acesso diário na média de 200 mil visitantes!

 

Logo eu pensei: ‘bom, Divinópolis tem pouco mais de 210 mil habitantes e seria como se praticamente todos os moradores acessassem a rede, em um único dia’. Como trabalho na área da comunicação, acredito que um dado relevante e assim postei na minha timeline do Face. Nem preciso dizer que mais do que rapidamente, recebi algumas mensagens inbox dizendo que “a minha postagem seria imprópria porque sou pai de família, casado e podia não pegar bem”.

 

Contrariado, apaguei o post (e um outro também, que apresentava uma série de fotos de um artista japonês, que não tinha nada de tradicional). Comecei a me questionar, então: o que deveria levar em consideração, minha vida pessoal como pai de família e homem casado ou minha vida pública de comunicólogo formado, assessor de comunicação e professor de jornalismo? Sinceramente, nas redes sociais não há separação entre o público e o privado. Não adianta criar um perfil com meu nome e dizer que ele é só pessoal e uma fanpage, também com meu nome, e dizer que é só profissional. Mesmo que as postagens sejam de cunhos diferentes, somos a mesma pessoa, principalmente em uma era onde a definição de privacidade parece caminhar para uma extinção definitiva.

 

Acho que nem mesmo Orwell, quando criou a ideia do Grande Irmão, imaginaria que chegaríamos a viver em um época em que nada passaria desapercebido. Que nossas crenças, medos, opiniões, vaidades, críticas e tudo mais, fossem expostas de tal maneira que seria quase impossível tentar esconder algo. Só que, diferente da ideia de uma entidade capaz de monitorar tudo, hoje temos vários “grandes irmãos” que cumprem (e bem) esse papel, averiguando de perto o que estamos fazendo e pensando.

 

Outros exemplos? O famoso check in do Facebook e do Foursquare, que mostra a todos que são seus amigos, o local onde você está naquele momento. Temos também o registro dos nossos dados e interesses nos recursos digitais. Instalei um aplicativo no meu celular para facilitar a digitação. O aplicativo é bem interessante, porque ele assimila e aprende com meu estilo e passa a fornecer as frases já prontas. As veze, me assusto o quão preciso ele é. O Google e o Facebook também andam de mãos dadas, registrando seus termos de procura e lhe dando como retorno aquilo que ELES julgam ser o mais interessante e relevante para você. Com advento das redes sociais, acredito que nunca estivemos tão expostos.

 

E como nos portar então? Adotando para a vida virtual o mesmo padrão da vida real? Bom, via de regra, não há uma norma definitiva. Eu, por exemplo, se estivesse sentado em uma conversa informal com professores, amigos de profissão ou mesmo alunos, comentaria facilmente sobre o Sexpin. Uma curiosidade, nada mais. Mas na timeline do Facebook, a postagem ganha outro contexto.

 

E essa ideia de privacidade (ou a falta dela) está tão em alta, que as famosas fotos pessoais que andam aparecendo para internet (algumas vezes chamadas de porn revenge), já nem são mais assim tão novidades, porque há quem queira se expor dessa forma. Alguns para publicidade, como atrizes, e outras pessoas normais, principalmente os mais novos, acreditando que “o que é belo é pra se mostrar”. E no advento de tantas mudanças sociais e culturais, será que a definição de privacidade também não será um paradigma a ser destruído e reconstruído sob uma ótica completamente diferente daquilo que até então se acreditava ser verdade?