Autora Talita Camargos compartilha vivência com o luto e revela bastidores da produção independente de seu primeiro livro autoral; evento será no Rajas, às 19h30.
Divinópolis, na Região Centro-Oeste será palco, nesta quinta-feira (15/05), do lançamento do livro “A Redescoberta do Sol: Frestas de Vida Após a Morte de Minha Mãe”. A obra será apresentada ao público em um evento especial às 19h30, no Rajas, reunindo amigos, leitores e convidados da autora, Talita Camargos.
Mais do que um relato sobre o luto, o livro mergulha nas memórias da autora e mostra como ela continua conectada à mãe, mesmo dez anos após sua morte. A matriarca faleceu aos 52 anos, vítima de um câncer raríssimo, e deixou marcas profundas na vida da filha.
A história tem início em 16 de junho de 2013, véspera do aniversário da autora. Na ocasião, ela estava em Ibitira, distrito de Martiho Campos, no Centro-Oeste de Minas, na casa da família, junto com o noivo, para acertar os detalhes do casamento, marcado para 30 de julho daquele ano. Foi nesse dia que surgiu a suspeita de que a mãe estava gravemente doente.
Luto antecipado
A partir dali, Talita viveu um luto antecipado por dois meses, até a despedida definitiva. No livro, ela compartilha com o leitor as dores e os milagres desse período, além de reflexões sobre a morte e a vida que persiste mesmo após a ausência física.
“Não é uma obra apenas sobre perder alguém. É sobre encontrar, dentro da dor, uma forma de continuar amando, sentindo e vivendo”, explica a autora.
A publicação do livro também seguiu um caminho especial. Talita optou por uma jornada independente, cuidando pessoalmente de cada etapa.
“Sobre o livro, eu decidi que seria uma publicação independente, para poder acompanhar cada detalhe. Me entreguei ao processo. Fui contratando pessoas em quem eu confiava, muito bem recomendadas e indicadas, para ter uma análise minha e também aprender com essas profissionais”, conta
Além disso, Talita destacou a participação de pessoas especiais como a Ana Elisa Ribeiro, que já ganhou o prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura
“Passaram pelo livro a preparadora Ana Elisa Ribeiro que inclusive tem prêmio Jabuti, além da diagramadora, da capista, e ainda tive seis betas que leram a obra”, destaca Talita.
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Bienal do Livro
Recentemente, Talita também participou da Bienal do Livro, e celebrou a nova fase da vida como escritora.
“Sobre a Bienal do Livro, muito legal participar, porque eu já fui em vários eventos literários, incluindo a Bienal Mineira do Livro como leitora, e agora eu estive no duplo papel, né? Como escritora e como leitora. Antes eu trocava só dica sobre livros para ler. E , agora, eu conversei com escritores, a gente ali fez uma troca bem bacana.” disse
Financiamento coletivo e inspiração materna viabilizam projeto pessoal
Em meio aos desafios de tirar um projeto do papel, Talita encontrou no exemplo da própria mãe a força e a criatividade necessárias para seguir em frente. Inspirada por gestos simples, mas repletos de significado, ela recorreu ao financiamento coletivo e conseguiu transformar uma ideia em realidade.
“Para viabilizar, eu fiz o financiamento coletivo. E além disso, eu me espelhei no próprio exemplo da minha mãe”, conta Talita.
A memória da mãe, que sempre buscava alternativas para realizar ações na igreja mesmo com recursos limitados, foi fundamental.
“Quando queria fazer alguma coisa, mesmo sem ter o dinheiro, ela viabilizava. Corria atrás de patrocínio na comunidade ou empreendia pequenos negócios.”
Ela lembra que a mãe fazia parte do ministério infantil da igreja e catava recicláveis pra vender e viabilizar algumas ações. O pai, conforme Talita, também teve papel essencial
“Para mim é um desafio vender e pedir patrocínio, esse tipo de coisa, mas eu me espelhei muito nela. Meu pai estava junto com ela em muitas dessas empreitadas. Eles viabilizavam as coisas juntos.” destacou a autora
Filosofia da mãe
A filosofia da mãe de que “pequenos esforços geram grandes resultados”, foi um norte.
“Se você for olhar, não dá muito dinheiro, mas ela acreditava muito que o pouco somado de esforços no final fazia diferença.”
Assim, esse espírito levou ao financiamento coletivo. A contribuição era livre, a partir de R$ 1.
“Eu cheguei a receber contribuição de 10 reais e tal. Fiz os brindes tanto para espalhar a mensagem, que era uma coisa que eu queria fazer, quanto para ficar atrativo também,” conta
Portanto, a iniciativa deu certo e se tornou um exemplo de como empatia, inspiração e persistência são ingredientes fundamentais para realizar sonhos.
“O pouco, quando vem com intenção e esforço coletivo, realmente faz diferença.” destacou Talita Camargos
Primeiro lançamento
A escritora escolheu a data do aniversário da mãe para apresentar a obra inspirada na vida da família e no lugar que ela chamava de “céu na terra”.
“O primeiro lançamento, eu fiz na minha casa em Ibitira, que é onde minha mãe considerava o céu para ela ana terra” revela
Além disso, a autora decidiu unir memórias, afetos e literatura em um momento simbólico, no dia 26 de abril data em que sua mãe completaria 64 anos.
“No horário do pôr do sol, no dia que ela faria 64 anos, dia 26 de abril.” contou Talita.