Amanda Quintiliano

A Associação dos Advogados do Centro-Oeste (AACO) e o Sindicato dos Contabilistas de Divinópolis (Sincondiv) confirmaram, nesta segunda-feira (30), que foram excluídos do Conselho Curador do Hospital São João de Deus. O comunicado veio por telefone e na sequência foi formalizado pelo presidente do Conselho, Irmão Augusto Vieira Gonçalves por meio de um e-mail.

Nele, Irmão Augusto diz ter seguido as orientações do promotor das Fundações de priorizar “entidades sólidas, com história, representatividade social ou nexo com a saúde”. Com isso, segundo Irmão Augusto, eles não poderiam dar continuidade a todos os convites previamente efetuados. No e-mail ele ainda admite ter cometido um erro ao não apresentar os nomes ao promotor antes de oficializar os convites.

Diante das alegações, as entidades encaminharam ofício ao promotor Sérgio Gildin questionando os motivos pelos quais foram excluídas. Em resposta, ele afirmou que decisões como estas ocorrem em assembleia pela Fundação Geraldo Correa independentemente da atuação do Ministério Público.

Os pedidos de esclarecimentos foram transferidos para Irmão Augusto que até o momento não se manifestou oficialmente. No e-mail enviado inicialmente, ele chegou a frisar que não tratava-se de uma exclusão já que “não tinha havido a inclusão”. Até o momento não houve a oficialização da nova formação do conselho. Irmão Augusto ainda classificou o convite como “precipitado”.

Embates de ideias

Uma das suspeitas das entidades para terem sido deixadas “de fora” é o embate de ideias. A AACO e o Sincondiv teriam feitos questionamentos referentes às questões financeiras para identificar a causa do problema e, assim, adotar medidas para estancar a crise. Entretanto, limitaram-se a arriscar “motivações” para evitar polêmicas.

“A questão não é mais dinheiro é você ter uma boa administração. Isso tem sido feito […] o momento agora é administrativo, contábil, jurídico. Para poder resolver este problema de mais de 10 anos tem que ser feito levantamento de dados. O hospital não tinha nem fluxo de caixa como foi nos repassado na última reunião, tem que ser feito acordos, anistias, não adianta fazer campanha para reerguer o hospital”, argumentou.

As entidades ainda rebateram a afirmação de Irmão Augusto de que as entidades precisam ter “nexo com a saúde”. Sérgio Martins salientou que os membros precisam entender sobre “administração”, já sobre saúde cabe ao “corpo clínico”.

“Contador não é especializado em saúde, mas somos sim especialistas na área financeira, tributária, de gestão. Achamos que uma entidade seja ela qual for, ou uma empresa, não importa a sua denominação, seu segmento, precisa ter uma retaguarda na área jurídica e contábil. Nós, enquanto voluntários, poderíamos dar nossa contribuição”, ponderou o presidente do Sincondiv, Sérgio Bebiano.

Posição

A Assessoria de Comunicação do Hospital disse que apenas o Conselho poderá responder sobre o caso. A reportagem do PORTAL tentou contato com Irmão Augusto, mas até o fechamento desta matéria ele não foi localizado.

Em novembro do ano passado o hospital divulgou a relação das supostas entidades que iriam compor o conselho. Seriam elas: Associação dos Amigos do Hospital São João de Deus (AAHSJD), Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCOM), Mitra Diocesana de Divinópolis, Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Associação dos Advogados do Centro-Oeste de Minas (AACO/MG), Sindicato dos Contabilistas de Divinópolis (Sincondiv), Federação das Associações de Moradores de Bairros, Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Divinópolis (ACID) e Federação das Associações dos Moradores de Bairros e Conselhos Comunitários Rurais de Divinópolis (FAMBACCORD).