A chuva desta quarta-feira (05) não fez alunos, professores e técnicos da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) – unidade Divinópolis – recuarem. Eles saíram em caminhada pelas principais ruas de Divinópolis e por um período fecharam o trânsito na Avenida Primeiro de Junho com São Paulo. O Movimento Estudantil pede a recondução automática do corpo docente da instituição até a realização de concurso público.

A manifestação ganhou força na noite de segunda-feira (03) quando uma parcela dos estudantes resolveram ocupar o prédio e passar a noite lá. Nos dias seguintes atividades interdisciplinares ganharam a programação do movimento e também a adesão de mais alunos. Ontem (05), foi a vez de levar à população a situação da universidade. Nesta quinta-feira (06) as ações serão dentro da Uemg. As aulas continuam suspensas.

“O governador não acordou que queremos a recondução dos professores mais o cronograma completo do concurso. Vamos ocupar quantos dias preciso for. Pedimos a sua força pois lutamos pela educação da nossa cidade, da nossa região e país”, disse o estudante de história, Samuel Santiago.

De acordo com balanço divulgado pelo movimento, 47% dos alunos aderiram ao movimento. Ao todo, 13.299 serão atingidos, o que representa 63% do corpo discente de toda a Uemg. A unidade de Cláudio realizou assembleia, mas ainda não parou. Em Abaete os alunos também fizeram uma manifestação. As unidades desses dois municípios respondem à Divinópolis.

Exigência

A professora do curso de comunicação, Janaína Visibeli disse que até o momento nenhum cronograma foi apresentado ao corpo docente. Afirmou que o Secretário de Governo, Odair Cunha falou que já existe um novo parecer da Advocacia Geral do Estado (AGE) de legalidade da recondução.

“A garantia que o corpo docente é estável só se dá após a homologação. Não temos aqui para a nossa unidade nem a apresentação real do cronograma. Há uma promessa que não se efetivou e as atividades precisam continuar”, afirma.

A preocupação dos professores e também alunos é com a descontinuidade de projetos. Para 2017, há pelo menos 10 cursos aguardando avaliação da Comissão do Conselho Estadual.

“Toda avaliação de projeto político pedagógico é feita a partir da forma que o projeto está sendo executado. Se você tem uma quebra dessa continuidade, até que novos professores possam pegar, tomar pé das informações, conhecer os projetos dos cursos já passou um ano”, enfatizou.

Outra preocupação é com o gasto público com a realização de processo seletivo simplificado. Segundo a professora, ele é desnecessário já que o corpo docente será substituído por efetivos.

Estado

Por meio de nota a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sedectes) informou apenas que não existe risco de os alunos da Uemg ficarem sem aulas por falta de professores em 2017.

Disse ainda que “o cronograma de efetivação de professores, por meio de concurso, segue normalmente e, até o momento, 144 vagas já foram homologadas, pelo processo seletivo iniciado em 2014. Outras 375 vagas serão preenchidas até meados de 2017”. Entretanto, nenhuma dessas vagas serão direcionadas para Divinópolis, Cláudio e Abaete.

A Sedectes ainda disse que a legislação autorizou novos processos seletivos para designação de docentes até que sejam realizados concursos. Enquanto isso, novo edital está sendo preparado para publicação no início de 2017 para provimento de outras 723 vagas.

Também já foi autorizado o início do processo para a realização de concurso para o provimento de 107 vagas de funcionários técnico-administrativos.

Ao PORTAL, a assessoria da Sedectes ainda afirmou que a AGE está analisando a possibilidade de recondução do corpo docente.

Fotos: Ariana Coimbra