Nunca se falou tanto no mundo. Como nunca também se ouviu tanta asneira. Determinadas palavras como as de ódio e preconceito não deveriam caber num mundo pós-moderno. Mas elas estão aí, ditas e escritas, para provar o quanto somos pequenos, ainda. Mesmo com os infinitos recursos ao nosso dispor.
Sofremos de carências. Talvez a principal delas seja a da palavra. A palavra que edifica e consola. Palavra que coloca o homem pra frente. Aquela que estimula a romper com os medos em busca de objetivos nobres.
A mesma palavra que falta é a palavra dita de forma inconveniente. Palavra que encarcera o homem numa condição de submissão e que destrói corações e mentes.
A palavra deixou de ter medida. É dita ao léu sem se preocupar com o ferimento deixado. Aquele que usa a palavra desta forma é um doente. Não só porque agride o outro, mas porque convive com demônios internos que o consomem a ponto de produzir asneiras.
Pode-se dizer o que se quer, e tudo que se diz se é responsável por ele. A palavra é uma obra nossa. Para o bem ou para o mal. Quem simplesmente só reproduz o que ouve, atesta a palavra dita por alguém e por ela também é igualmente responsável. Como se ela fosse, mesmo, um produto seu.
Nunca se falou tanto no mundo. Como nunca também se ouviu tanta asneira. Determinadas palavras como as de ódio e preconceito não deveriam caber num mundo pós-moderno. Mas elas estão aí, ditas e escritas, para provar o quanto somos pequenos, ainda. Mesmo com os infinitos recursos ao nosso dispor.
Alguns se escondem atrás delas para não assumirem suas frustrações. Talvez a principal delas seja a certeza de se viver uma vida e dela não gerar nada de positivo. Algo que dê sentido a ele ou a quem o cerca. Indivíduo oco e cheio de rancor. Um coração amargo é incapaz de gerar palavras doces.
Pior que este quadro é aquele das palavras não ditas, omissas ou aquelas indeterminadas. Presas entre aspas quando necessitavam de estar numa linha, claras. Entendíveis.
Furtar-se delas é um ato de covardia. Não conosco, mas com quem necessita de uma palavra amiga. Esta, a cada dia, fica escondida entre muros, cercas elétricas, vidros escuros e em corações duros. Inexistem num mundo real, mas são fecundas num plano virtual como estratégia para provar aos outros, e a nós mesmos, que ainda interagimos socialmente. E que somos capazes de expressar palavras que lá demonstram seu carinho.
Numa sociedade que perde seus sentidos é necessário reaprendê-las. Como um bebê, são necessários outros sentidos para o exercício da palavra. Antes de serem verbalizadas, estas terão que ser construídas internamente. É necessário reaprender a falar com os olhos, falar com os ouvidos… Falar por meio de um abraço. É o sentir que dará sentido à palavra. Ele revelará suas profundas intenções.
A palavra pela palavra não diz nada.