Amanda Quintiliano
A crise do Hospital São João de Deus ganhou novos capítulos nas últimas semanas. Além das demissões, uma carta-denúncia enviada pelo Corpo Clínico ao Ministério Público causou desconforto e alvoroço. Após uma reunião entre as partes as arestas foram aparadas e todos deixaram a sala em tom apaziguador. Mesmo após o tumulto, a empresa interventora, Dictum, manterá o planejamento traçado há quatro meses, e para os próximos dias estão previstas novas demissões.
Até agora o hospital está com uma dívida de encargos trabalhistas de R$ 800 mil. A declaração é do diretor da interventora, Áriston de Oliveira Silva e foi feita nesta sexta-feira (31) em entrevista à reportagem do PORTAL. O impasse com os ex-funcionários será resolvido apenas no Ministério do Trabalho. Ontem (30), representantes da empresa e do Sindicato Profissional dos Enfermeiros e Empregados em Hospitais, se reuniram para entrar em acordo.
“Ficou estabelecido que o hospital vai pagar, não vamos deixar de pagar ninguém, mas agora será feito um planejamento de acerto. A tendência é de ser no Ministério do Trabalho porque já venceu o prazo”, explica.
As demissões fazem parte da reestruturação da unidade. Só para fevereiro serão abertas novas 60 vagas para vários cargos, desde enfermagem até para a área administrativa. O superintendente da Fundação Geraldo Corrêa, Afrânio Emílio Carvalho descartou que a medida seja para reduzir custos. Segundo ele, trata-se da ampliação do atendimento. Carvalho, também assegura a qualidade da prestação do serviço.
“Estamos analisando os currículos, olhando o perfil dos candidatos, também estamos verificando a experiência, porque alguns setores requerem essa experiência. Então, tudo está sendo feito com calma para garantirmos o bom atendimento”, afirma.
Médicos
Depois de tratar as denúncias encaminhadas à promotoria como infundadas, o diretor da Dictum reconheceu falha na comunicação entre a diretoria e colaboradores. Para ele, isso foi um dos fatores que levou os médicos a apresentarem o documento.
“São seis mil pessoas passando pelo hospital, 1,4 mil colaboradores, então é muito difícil trabalhar a comunicação e chegar de fato a informação correta. A gente fala A, a outra pessoa entende B e chega C até eles. É complicado, mas estamos trabalhando para aprimorarmos a comunicação”, ressalta.
Áriston reafirmou que todas as pontuações não condizem com a realidade do hospital e negou a transferência de leitos para Formiga ou para qualquer outro município. O diretor alega que a proposta, neste momento, é de ampliação e não de redução.
“Isso não é de competência do Hospital São João de Deus. Isso não existe e se existisse é competência do Ministério da Saúde, ele é que credencia ou descredencia. Estamos pensando em ampliação”, afirma.
Deverão ser inaugurados, em fevereiro, 39 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UIT).
Hemodinâmica
Em meio a turbulência de demissões, contratações, ampliação de leitos, o setor de hemodinâmica está parado já tem quase um mês e não há previsão para retornar. O serviço foi suspenso, segundo o assessor da Dictum, Geraldo Couto, devido às negociações com a equipe. O hospital deve os profissionais e está fazendo o levantamento do valor para elaborarem um novo contrato.
Enquanto a situação não é normalizada foi firmado um convênio com o Hospital Santa Mônica, também em Divinópolis. Todos os pacientes são transferidos para lá.
Recuperação
A previsão é de, até o final deste ano, o hospital sair do vermelho e equilibrar as contas. O planejamento da interventora é de mais dois anos. Paralelo ao trabalho de gestão desenvolvido por eles, outros profissionais estão auditando toda a movimentação da unidade para verificar as causas da crise e se há responsáveis por ela ou até se houve algum fraude. A dívida do São João de Deus é de R$ 80 milhões.