Mesmo com toda a capacidade verbal, de raciocínio e bélico, o homem é um ser sensível. Vulnerável na sua intimidade. Por vezes, se tem tudo: dinheiro e posses, mas o tal do reconhecimento é algo que faz falta ao ser humano.
Quando criança, ao executar uma tarefa, não havia recompensa melhor do que o afago dos pais. É assim também na escola, quando uma nota dez ou “A” era obtida. Ter o reconhecimento da turma e da professora é algo que não tem preço.
O reconhecimento motiva. Impulsiona a querer, sempre, subir um patamar a mais e o esforço proporciona novas conquistas. Edificando, portanto, o indivíduo.
Ocorre que todos, ou pelo menos a maioria de nós, quer o tal reconhecimento. Buscamos o reconhecimento na vida afetiva, social e profissional. Entretanto, ele pode não vir.
Numa sociedade que tem olhos apenas para o seu umbigo, reconhecer o esforço alheio pode ser um exercício complicado, que muitos não estão dispostos a executar.
Atualmente, exercita-se a crítica pela crítica: “Olha o vestido dela, ficou bem não. Tá gorda”. “Aquele ali é pão duro, só anda de carro velho”. “Gente boazinha demais não é boa, toma cuidado”.
É mais ou menos assim que a roda gira. Durante o dia estamos questionando ou criticando alguém. Sem se importar, em boa parte das vezes, que a fulana se veste mal sim, mas é trabalhadora. Que sicrano anda de carro velho sim, mas é honesto e não dá cano em ninguém para ostentar uma realidade que não é a sua.
O que esses exemplos significam?
O óbvio. Que ignoramos o esforço do outro em detrimento às críticas sobre algo que na nossa embaçada avaliação consideramos equivocado. Portanto, não sabemos reconhecer.
Considerar o esforço alheio deveria ser uma prática usual. Não se trata só de conceder elogios, mas também dar oportunidades a quem se esforça. Talvez esse raciocínio faça parte de uma nova ordem: Ascender pelo esforço e não pela crítica.
Reconhecer a qualidade do outro abre a possibilidade de também reconhecermos a nossa ou, no mínimo, nos dá uma nova virtude que é a de sermos justos, pois aprendemos a reconhecer.
Texto piegas? Talvez seja mesmo, mas até as coisas simples e que nos são caras no convívio com as outras pessoas precisam ser revistas e exercitadas. Sempre.
Rodrigo Dias
artigorodrigodias@gmail.com