Na época, os médicos deram 1% de chance dela sobreviver (Foto: Divulgação)

O Hospital São João de Deus recebeu nesta semana a equipe de reportagem do programa dominical, Esporte Espetacular, da Rede Globo de Televisão do Rio de Janeiro. Acompanhados da atleta maratonista, Kênia Carneiro de Oliveira, a reportagem relembrou a história de milagre e superação ocorrida em 1995, quando em um acidente de carro ela veio a fraturar o fêmur em diversas partes, perfurar os dois pulmões e perder quatro litros de sangue.

O acidente aconteceu quando ela estava voltando com o namorado de uma formatura, na cidade de Bambuí, momento em que o carro em que estava foi atingido por dois micro-ônibus. A jovem que estava sem cinto de segurança, foi arremessada pela janela, caiu de um barranco e foi atingida mais uma vez por um dos veículos.

Atendida no pronto socorro de Bambuí, a jovem de 17 anos e seu namorado foram transferidos para o Hospital São João de Deus, onde permaneceram em coma induzido durante uma semana. Entretanto, diferente de Kênia, seu namorado não resistiu aos ferimentos.

Ela se reencontrou com o médico que a atendeu na época (Foto: Divulgação)

Ela se reencontrou com o médico que a atendeu na época (Foto: Divulgação)

“Estávamos juntos há 3 anos e ficaríamos noivos no mês seguinte. Então eu tive que me recuperar não só do acidente, mas também da perda dele”, disse a atleta,hoje com 38 anos.

Foi então que Kênia iniciou sua batalha pela vida e passou por diversos exames e cirurgias complicadas. A família ainda com esperanças, recebeu a informação de que as chances dela escapar da morte eram mínimas.

“Quando meus pais chegaram ao hospital, eu estava terminando de fazer uma cirurgia na face e o risco era enorme. Então o médico saiu e disse a eles: ‘se vocês acreditam em Deus, rezem muito, porque eu, como médico, não dou sobrevida a sua filha’”, relata a atleta emocionada.

Superação

Um mês após o fato, contrariando as expectativas do corpo clínico, Kênia recebeu alta, mas permaneceu por oito meses sem se movimentar. Embora precisasse de um fisioterapeuta, ela preferiu buscar a recuperação sozinha e com a ajuda de um andador começou a arriscar os primeiros movimentos.

“Já conseguia trocar um passinho, igual criança. Eu era muito nova e estava tudo evoluindo bem, então nem fiz fisioterapia”, conta.

Com o passar dos anos e buscando a cada dia reverter seu quadro, Kênia retomava sua vida normal e conseguiu se formar em administração. Depois de morar em diversas cidades no exterior, ela retornou ao Brasil decidida a morar no Rio de Janeiro, cidade onde descobriria uma nova paixão: a corrida.

Sabendo de sua limitação, buscou orientações de um ortopedista que autorizou o esporte mediante alguns cuidados.

“Ele disse que eu podia até dar pirueta, desde que não sentisse dor. Se eu sentisse, precisaria parar”, lembra.

Hoje, com 10 anos praticando a modalidade, Kênia já participou de diversas competições internacionais e o próximo grande desafio será o triatlo, além de ter o privilégio de carregar nos próximos dias a tocha olímpica Rio 2016.

Reencontro

Na época, os médicos deram 1% de chance dela sobreviver (Foto: Divulgação)

Na época, os médicos deram 1% de chance dela sobreviver (Foto: Divulgação)

Após visitarem o local do acidente em Bambuí, Kênia e a equipe do Esporte Espetacular seguiram para o hospital São João de Deus, onde reencontrou, depois de muitos anos um dos médicos que salvou a sua vida: o ortopedista, Dr. Ricardo Menezes. Emocionada, ela recebeu o profissional na recepção da instituição e relembrou os momentos de dor e angústia que passou durante dias. Eles ainda percorreram os corredores do hospital e foram até o quarto onde ela esteve internada.