Domingos Sávio cobra, em audiência pública, planejamento hídrico e uso múltiplo da água para fortalecer municípios

 

Estabelecer uma cota mínima para o nível do reservatório de Furnas, no Sudoeste de Minas Gerais, é um dos consensos que a Câmara Federal e o Senado estão articulando junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico, em defesa dos 34 municípios banhados pelo Lago.

A medida é uma das alternativas que buscam solucionar o baixo volume de água na represa, sem comprometer a geração de energia elétrica e estimulando as atividades econômicas na região, como o turismo, a agropecuária e a aquicultura.

Em Audiência Pública realizada nesta quinta-feira, 05 de março, para abordar o assunto, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB/MG) levantou a voz em defesa dos interesses dos mineiros. De acordo com o parlamentar, todos têm consciência de que a geração de energia elétrica é algo essencial para o país. Mas, é preciso autorizar a exploração da água com planejamento e responsabilidade.

“O que não dá para aceitar é alguém achar que somos todos ignorantes e tentar defender que não é possível usar o reservatório para a finalidade que ele foi construído. O lago consumiu milhões de recursos do povo brasileiro e sacrificou terras férteis do Estado; colocando sofrimento na vida das pessoas para se adaptarem à nova realidade e depois, simplesmente, é operado com pouco mais de 20% da capacidade”, argumentou o deputado.

Domingos Sávio também apresentou dados para expor a situação crítica do reservatório. Segundo ele, ao longo desses mais de 60 anos de existência do reservatório de Furnas, foram raríssimos os anos que esteve abaixo do nível cobrado pelos moradores da região, que é o 762.

“Por isso, defendo o planejamento hídrico como fundamental.  Pois, com planejamento, aliado à consciência do uso múltiplo da água é que vamos conseguir estabelecer a cota ideal”, concluiu o parlamentar.

Nível do reservatório hoje

A Audiência Pública realizada na Comissão de Infraestrutura do Senado contou com a participação de representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, e Agência Nacional das Águas – ANA. Os órgãos apresentaram a atual situação do lago.

Em dezembro, o reservatório de Furnas estava com 12,23% de sua capacidade. Em fevereiro, segundo o ONS, o nível subiu para 42,19% do seu volume útil. Em março de 2019, passou para 42,45% da capacidade enquanto, atualmente (05/03/2020), o volume está em 48%.

Diretor-presidente da Centrais Elétricas Furnas, Luiz Carlos Ciocchi disse que não cabe à entidade estabelecer o nível dos reservatórios. Ele reconheceu a gravidade da situação, mas negou a existência de conflitos com outros órgãos estatais. O debatedor observou que não há como se apontar culpados, já que, segundo afirmou, o baixo nível de Furnas é resultado das poucas chuvas registradas nos últimos anos. Ciocchi ressaltou ainda que, o plano de operação do lago pela estatal, atende a comandos do ONS.

Luiz Carlos Cicocchi foi convidado pelo deputado federal Domingos Sávio, em recente reunião em Brasília, a defender os interesses dos mineiros junto à Centrais Elétricas Furnas.

Equilíbrio

O presidente da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago), Hideraldo Henrique Silva, considerou justo que o lago de Furnas fique com, pelo menos, 51,4% de espelho d’água para exploração. Ele apelou para os participantes do debate e disse ter esperanças de alcançar uma solução para o caso, “de modo que todos saiam beneficiados”, declarou.