Amanda Quintiliano
O relatório da auditoria realizada pela PricewaterhouseCoopers – empresa contratada em Madri – já foi traduzido do espanhol para o português. O documento que veio com cláusula de exclusividade ao Ministério Público foi repassado pelo promotor Sérgio Gildin ao Ministério Público Federal. Caberá a partir de agora ao órgão analisar e decidir se será instaurado procedimento ou inquérito para investigar as causas da crise o Hospital São João de Deus.
Em linhas gerais, conforme antecipado com exclusividade pelo PORTAL, no início de julho, a auditoria apontou como principal causa da dívida milionária da unidade a má gestão, seguida pela construção da obra de ampliação. Sem mencionar nomes, nesta quarta-feira (17), o promotor voltou a falar que o desviou de dinheiro, diante do montante, não foi o principal motivador. Segundo ele, 3% do total do débito estariam relacionados a “roubo”.
Gildin preferiu não se comprometer ao ser questionado se os causadores deste rombo de aproximadamente R$ 4 milhões ainda estão atuando dentro do hospital. Disse que caberá a partir de agora ao Ministério Público Federal tomar as próximas medidas.
“Se eu soubesse e tivesse certeza disso, eu recomendaria a Dictum a afastar os responsáveis”, ponderou.
Ainda afirmou que durante a investigação, pode se chegar à conclusão, de que o valor apontado na auditoria seja maior ou menor e até mesmo que não tenha ocorrido nenhum desvio.
“O Ministério Público Estadual aguarda o posicionamento do Ministério Público Federal em relação ao que foi apurado nesta auditoria. Apenas repassamos o relatório da Price para eles analisarem e tomarem as decisões que eles acharem cabíveis”, disse o promotor.
A dívida atual está próxima a R$ 110 milhões. Nos últimos 12 meses, cerca de R$ 11 milhões foram amortizados. Como o hospital tem um déficit de R$ 1,3 milhão ao mês, a dívida é alimentada mensalmente, dificultando a redução do montante. A Dictum, empresa interventora, busca um refinanciamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS) e Caixa Econômica Federal.
A previsão é de nos próximos dois meses o refinanciamento ser autorizado. Isso representará a redução dos juros anual de 14% para 4,5% e uma redução na parcela de quase 50% do valor, ou seja, para cerca de R$ 400 mil ao mês. Essa é uma das medidas que ajudará o São João de Deus a, pelo menos, equilibrar as contas.
O relatório foi repassado ao MPF por envolver verbas federais