Demografia Médica 2025 revela que país terá 2,98 médicos por mil habitantes, abaixo do recomendado pela OCDE; Distrito Federal concentra maior proporção
Pela primeira vez na história, as mulheres serão maioria entre os médicos em atividade no Brasil, representando 50,9% dos profissionais até o fim deste ano. Os dados são do estudo Demografia Médica 2025, lançado nesta quarta-feira (30) pela Faculdade de Medicina da USP em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Ministério da Saúde.
Apesar do avanço na equidade de gênero, o país ainda enfrenta desigualdades na distribuição de médicos, com concentração em grandes centros urbanos e carência em regiões periféricas. Até dezembro, o Brasil terá 635.706 médicos em atividade – uma média de 2,98 por mil habitantes, abaixo do índice recomendado pela OCDE (3,7 por mil).
Mulheres lideram em pediatria e dermatologia; homens dominam ortopedia e urologia
A pesquisa aponta que:
- 59,1% dos médicos são especialistas, enquanto 40,9% atuam como generalistas.
- As mulheres são maioria em dermatologia (80,6%) e pediatria (76,8%).
- Os homens predominam em urologia (96,5%) e ortopedia (92%).
A projeção para 2035 indica que o Brasil ultrapassará 1 milhão de médicos, com 5,2 profissionais por mil habitantes, e as mulheres representarão 55,7% do total.
Desigualdade regional: DF tem 11x mais médicos que o Maranhão
Enquanto o Distrito Federal deve alcançar 11,83 médicos por mil habitantes em 2035, estados como Maranhão (2,43), Pará (2,56) e Amapá (2,76) permanecerão abaixo da média nacional. Atualmente:
- 48 cidades grandes (31% da população) concentram 58% dos médicos.
- 4.895 municípios pequenos (31% da população) têm apenas 8% desses profissionais.
Expansão de faculdades não resolve falta de residências
O número de cursos de medicina saltou de 92 (2004-2013) para 225 (2014-2024), com 27.921 novas vagas. No entanto, apenas 8% dos médicos ingressam em residência médica após se formarem:
- 51,5% esperam até 1 ano para entrar em um programa.
- 4,7% aguardam mais de 5 anos.
Ministério da Saúde planeja ações para interiorização
O estudo serve como base para políticas públicas que visam reduzir as disparidades regionais. “Precisamos incentivar a fixação de médicos em áreas carentes e expandir programas como o Mais Médicos”, afirmou o ministro da Saúde.
Com informações da Agência Brasil.