É uma indecência o que vem acontecendo no país. A má intenção ronda todos os lados e espanta a razão. Ninguém a tem, e o que assistimos é um jogo em busca do poder e dos seus benefícios. O povo e a democracia, dentro desse contexto, são meros elementos de retórica.
Não dá para esperar seriedade de um país que teve sua base formada por falsos nobres, rei fujão, economia sustentada num regime escravocrata e suas capitanias hereditárias. Quando olhamos o passado e comparamos com o que temos hoje, no necessário político e econômico, percebemos que nada mudou. Só o tempo em que as coisas ocorrem.
Não há como cobrar moral ao imoral, nem lealdade ao desleal. O que assistimos, há mais de um ano, é a exposição de nossas vísceras; o que de pior temos para ser mostrado para o público doméstico e externo.
O Brasil é o país da piada pronta. Em que erros são legitimados por outros erros. O cidadão sensato sabe que o que acontece em Brasília é um circo. Um espetáculo deprimente que tem a conivência de um judiciário partidário e de uma imprensa de torcida.
Nos corredores do poder todos conhecem o motivo da crise, bem como porque ela ocorre. Mas parecem não estar nem aí para sua solução. Os adeptos do caos aproveitam toda essa confusão para se protegerem ou para subtraírem ainda mais benefícios.
É lamentável ver a que ponto chegou a degradação política. Num nível que divide o país, como se fossem duas torcidas de futebol vibrando a cada fato novo em desfavor do outro lado. Tal como num “Fla-Flu”, a passionalidade impera e onde há paixão a razão passa longe.
Neste jogo todos perdem, menos quem o patrocina ou o sustenta. Estes, a cada pedra mexida no xadrez político/econômico, riem de tudo. E nós, bestas que somos, ainda nos assustamos. A verdade é que nada acontece por acaso neste caos político e econômico.
Nenhuma prisão, nenhuma delação, nenhum vazamento e nenhum ato ocorrem inadvertidamente. Os heróis que se apresentam e até mesmo os vilões não existem nesta estória por casualidade. É tudo calculado, medido e a maioria da opinião pública embarca neste roteiro desprezível.
Os poderes constituídos, a imprensa e a Justiça estão todos contaminados. Suas decisões e interpretações devem ser vistas com lupa. A politização dos entes e instrumentos que deveriam ter um papel de maior neutralidade neste momento é o que mais potencializa a crise e que, em bom português, faz o circo pegar ainda mais fogo.
Tal como num folhetim, toda essa história já deu. Suas surpresas já não nos surpreenderão mais. Afinal, descobrimos que neste jogo tudo é possível. Não há decência.
Pelo ralo vão nossas esperanças e por ele também saem as baratas e os ratos que habitam o ambiente e contaminam tudo.
É lamentável, patético e surreal. Tudo isso é Brasil. O bufão do mundo.