campanha da fraternidade 2025
Foto: Reprodução CNBB

A Campanha da Fraternidade surge como um apelo à conversão integral

A escolha do tema “Fraternidade e Ecologia Integral” para a Campanha da Fraternidade 2025, lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), revela a sintonia da Igreja Católica com as urgências do nosso tempo. Em meio a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e devastadores, como enchentes, secas prolongadas e ondas de calor, a campanha propõe um convite à reflexão. Além disso, à ação concreta pela preservação da Casa Comum.

O tema teve inspiração na Encíclica Laudato Si’, do papa Francisco. Em consonância com a realização da COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, a Campanha da Fraternidade surge como um apelo à conversão integral. Trata-se de um chamado à mudança de atitudes não apenas no âmbito pessoal, mas também coletivo e institucional. A CNBB destaca a necessidade de ouvir o “grito dos pobres e da Terra”, reconhecendo que a crise ecológica está diretamente ligada às desigualdades sociais.

Como bem lembrou o bispo da Diocese de Divinópolis dom Geovane Lima: “não temos um planeta reserva“. Ou cuidamos da terra ou sofreremos ainda mais as consequências da nossa exploração predatória.

Esse posicionamento da Igreja vai na contramão das políticas ambientais defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Conhecido por suas posturas negacionistas em relação às mudanças climáticas e por enfraquecer regulações ambientais em prol de interesses econômicos, Trump adota uma visão que ignora a urgência de proteger o planeta. Essa perspectiva contrasta fortemente com a mensagem da Campanha da Fraternidade. Ela enxerga na ecologia integral não apenas uma questão ambiental, mas um compromisso ético e espiritual.

Urgências climáticas

Ao propor o lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gênesis 1,31), a CNBB reafirma a sacralidade da criação e a responsabilidade humana de preservá-la. A destruição do meio ambiente, impulsionada pela ganância e pela exploração desenfreada, é vista como uma agressão não só à natureza, mas também à dignidade humana.

Neste tempo quaresmal, a Campanha da Fraternidade 2025 nos convida à reflexão profunda e à transformação de práticas cotidianas. A coleta da solidariedade, prevista para os dias 12 e 13 de abril, será um momento-chave. Ela deve traduzir essa reflexão em gestos concretos de apoio a projetos sociais voltados à justiça socioambiental.

Que essa campanha seja um farol em meio às tempestades — tanto as literais, causadas pelas mudanças climáticas, quanto as políticas, resultantes de lideranças que insistem em desconsiderar a ciência e a ética na construção do futuro. A esperança está na mobilização coletiva e na fé ativa, capazes de transformar realidades e resgatar a harmonia entre humanidade e criação.