De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em nota técnica divulgada em 2018, cerca de 12,7 milhões de brasileiros declararam possuir algum grau de deficiência física, mental ou intelectual. O número corresponde a 6,7% da população brasileira. A atualização desses números estava prevista para 2020, mas em razão da pandemia foi adiada.

O número de pessoas que se declararam com algum tipo de deficiência no Brasil é maior, por exemplo, do que a população de países como Portugal, Suécia, Noruega e Bélgica. Se o número de pessoas com deficiência, PCD, é expressivo, os desafios também são.

Neste cenário, uma palavra permeia todas as discussões: a inclusão. Dela derivam outras igualmente importantes, como é o caso da acessibilidade. Qual a importância dessas e outras palavras para a pessoa com deficiência? Deixar de ser invisível e participar, de fato, da sociedade.

Isso tem a ver com o exercício de direitos básicos. Como o direito de ir e vir sem ser limitado por barreiras físicas e/ou sociais que impeçam o acesso a vários dispositivos, serviços e outros meios pela pessoa com deficiência.

Outro desafio é o acesso ao mercado de trabalho. O trabalho para pessoas deficientes corresponde a somente 3,45% dessa população. O levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2018 apontou 442.007 empregos para pessoas deficientes.

Quem é PCD não quer pena, dó. Quer respeito. Neste aspecto outra palavrinha deve ser entendida: “capacitismo”. Que é a discriminação de pessoas com deficiência.

Tal como ocorre com o racismo, homofobia e xenofobia, entre outras formas de preconceito, o capacitismo exclui a pessoa com deficiência por estar fora de um determinado “padrão normal”. Além disso, subestimam a capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências.

O capacitismo fere. Deixa consequências graves em quem é PCD. Tanto naqueles que nasceram com alguma deficiência e convivem com ela ao longo de uma vida, bem como naqueles casos que, em decorrência de uma doença ou acidente, deixa a pessoa com sequela (s). É vida que se transforma, do dia pra noite.

Falar sobre capacitismo é tão importante como defender a inclusão e a acessibilidade. Mais do que isso é saber identificar posturas capacitistas. Para auxiliar, vão aí alguns exemplos:

“Que bom que, apesar de tudo, você está sempre feliz!”, “Você é um anjo por estar passando por isso!”, “Você tem um filho especial porque você é especial!”, “Foi coisa divina! Às vezes se fosse normal, estava dando trabalho para os pais!”, “Ele (a) é deficiente, mas até que é bem ativo (a)!”, “Nossa! Como ele (a) é inteligente!”, “Você diz que todos nós temos alguma deficiência”, “Você espera que pessoas com deficiência tenham sempre algo nobre a ensinar” e “Eu tenho que falar mil coisas sobre minha profissão antes de você realmente começar a acreditar que eu trabalho mesmo”.

O capacitismo não soma, só atrapalha. Uma sociedade plural, que não exclui, é mais justa e dinâmica.

Reconhecer que somos limitados no entendimento de determinados aspectos da vida social é o primeiro passo para a tão desejada equidade.

Pense e fale sobre isso.


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