Cenas de alívio vistas nos últimos dias são um alento, e indicam que a pandemia pode estar indo para seu fim, pelo menos é esse o retrato percebido em alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas já podem circular sem as máscaras. No Reino Unido é anunciada a volta do tão desejado abraço.

Na esteira desses dois fatos, que caracterizam bem o que a pandemia nos impôs em mais de um ano e meio, estão também outras medidas de flexibilização. Como a abertura de bares, casas de shows, realização de eventos culturais e esportivos com público, dentre muitos outros.

Apesar de desejada, essa realidade está ainda distante de nós brasileiros. As medidas adotadas ou não adotadas pelo governo federal atrasam nossa retomada da vida cotidiana de antes. E este verbo, atrasar, ainda será experimentado e conjugado por muito tempo.

O fato é que a pandemia do coronavírus irá impactar no capital humano da próxima década, como apontam estudos. O que tende a ser sentido com mais força em países pobres, em desenvolvimento e que também tiveram uma atitude negacionista na abordagem da pandemia. Potencializando e alongando seus efeitos.

Já existem estudos sérios e profundos relacionando a pandemia e seus efeitos sobre o capital humano. Entenda-se como capital humano todo o conhecimento, as habilidades e a saúde que as pessoas acumulam ao longo de suas vidas, recursos que são utilizados para seu desenvolvimento e expandidos para o meio em que vivem.

Estudo divulgado no ano passado pelo Grupo do Banco Mundial – por meio do Índice de Capital Humano 2020 ainda pré-pandemia e que envolveu 174 países – revela que na última década houve uma evolução nos indicadores do capital humano; saúde e educação.

Entretanto, com o advento da pandemia, o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, pontua que: “a pandemia coloca em risco uma década de avanços na construção do capital humano, incluindo melhorias em saúde, taxas de sobrevivência, matrículas escolares e redução da desnutrição e suas consequências. O impacto econômico da pandemia tem sido especialmente profundo para as mulheres e para a maioria das famílias desfavorecidas, deixando muitas delas vulneráveis à insegurança alimentar e à pobreza”.

Na linha do empobrecimento do capital humano com a pandemia, a Folha de São Paulo fez interessante matéria que além dos aspectos econômicos aborda a questão da interrupção da transmissão do conhecimento acumulado em áreas específicas do saber.

O fato é que toda vida importa e deve ser preservada à exaustão. No entanto, a pandemia tem levado um grande número de pessoas que investiram em si e esse conhecimento se vai com a morte, por vezes, sem deixar o devido legado ou transmiti-lo adequadamente.

O conhecimento e a força de trabalho são o motor de qualquer sociedade. Da família aos núcleos mais complexos. Quando há a interrupção desse fluxo abruptamente, vem o atraso… as perdas.

Quanto mais rapto se atua para sair dos efeitos da pandemia se contribui para que os impactos no capital humano sejam menores. Isso é visão de futuro, visão de estadista de quem tem um olhar responsável e holístico sobre tudo que vem ocorrendo no último um ano e meio.

Se você ficou curioso com o tema acesse o podcast Café da Manhã pela plataforma de áudio de sua preferência e busque pelo programa “A perda de capital humano que a pandemia causa”. O programa faz uma abordagem ampla sobre esse assunto.

 


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