Poliany Mota
Em Itaúna o professor e instrutor de capoeira Denis Mariano, mas conhecido como Filhote, do grupo Abadá Capoeira, que já desenvolvia um trabalho com a capoeira no Instituto Santa Mônica (APAE de Itaúna), desde 2013 recebe alunos com deficiência na academia, onde ministra aulas da arte marcial. A iniciativa atraiu vários alunos, principalmente aqueles que já praticavam o esporte na APAE. Além de poderem dar continuidade aos treinos durante a semana, eles também têm a oportunidade de fazer novas amizades.
Intitulado Capoeira Inclusiva, o projeto visa garantir a socialização dessas pessoas por meio do esporte. “A capoeira serve de instrumento para o desenvolvimento físico, mental e social. Os portadores de necessidades especiais conseguem aderir à prática do esporte, seja realizando movimentos, ou até mesmo cantando. O que em um primeiro momento pode gerar uma limitação, na verdade passa a ser um desafio”, explicou Filhote.
A iniciativa abre as portas para que mais pessoas com necessidades especiais comecem a praticar esporte, já que não é fácil encontrar academias preparadas para receber essas pessoas.
Para Fanira Arcanjo Herculano, pedagoga da APAE de Itaúna, a inclusão dos alunos com necessidades especiais em academias, garante, entre outros benefícios, uma melhora significativa na autoestima. “Eles têm um ganho muito maior quando se entrosam. Numa roda de capoeira todos se sentem iguais. Na APAE temos alunos que não conseguem identificar os dias da semana, mas hoje já identificam o dia que tem capoeira. Essa igualdade de oportunidade é fundamental para a socialização.”, informou a pedagoga.
Exemplo
Em Minas Gerais apenas três pessoas com necessidades especiais são graduadas (estão aptos para ministrar aulas de
capoeira) e uma delas é o itaunense Alexandre Nogueira Alves Pereira, de 33 anos. O capoeirista é um dos primeiros alunos a participar do projeto desenvolvido no Instituto Santa Mônica (APAE).
Alexandre começou a praticar o esporte há cerca de sete anos, a convite do Filhote. “Para mim foi ótimo. O esporte é muito bom e melhorou muito a minha autoestima. A capoeira flui muito bem na minha vida”, comentou Alexandre.
Filhote garante que hoje Alexandre já está apto para ministrar aulas de capoeira. “Ele é fruto de um trabalho que começou em 1999, na APAE de Itaúna. A instituição acreditou e a capoeira vem dando sua contribuição.”, declarou.
A capoeira não mudou apenas a vida do Alexandre, mas também a de seu padrasto Kiyoshi Fujita, de 69 anos. Praticante da capoeira há cinco anos, Kiyoshi conheceu a modalidade através do enteado e também foi convidado por Denis a participar dos treinos de capoeira. “Quando se pratica a capoeira você adquire mais confiança. Além de fazer mais amizades.”, explicou Kiyoshi.
Filhote explicou ainda que a capoeira sempre atuou de forma inclusiva, agregando valores. “A capoeira sempre foi praticada por pessoas que viviam as margens da sociedade, surgiu da luta de um povo oprimido. Por isso é um esporte que está aberto para receber todas as pessoas”.