A Cemig confirmou nesta quinta-feira (16) a demissão de 158 funcionários. A medida atinge 2% do quadro de empregados. A notícia pegou de surpresa o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro). Do total de desligados, 11 são da região Centro-Oeste, oito de Divinópolis. Todos eles também foram surpreendidos com a carta de demissão.

Dentre os demitidos estão principalmente funcionários em condições de aposentadoria ou aposentados. Na lista estão aqueles com mais de 55 anos, com tempo mínimo de 30 anos de empresa e 35 anos de contribuição ao INSS. Apesar da companhia alegar que as demissões atingem todos os níveis hierárquicos, o sindicado rebate e diz que adnutos e assessores, por exemplo, foram poupados.

“O Sindieletro orienta os trabalhadores para que não assinem a carta de demissão”, afirma o diretor do Sindieletro no Centro-Oeste, Celso Primo.

Contenção de gastos

A medida é justificada com a argumentação de contenção de gastos.

“Na contramão da justificativa de redução de custos, recentemente, houve aumento dos salários da diretoria executiva, aumento de diárias da diretoria executiva, aumento dos salários dos adnutos e outros tantos favorecidos politicamente por esta gestão com empregos na Cemig e em outras empresas do grupo”, argumenta Primo.

A empresa confirmou que a medida esteja ligada a economia. Afirmou que “o número de desligamento dos empregados foi ampliado em função do momento econômico, que provoca impactos em todas as empresas do país”.

“A decisão ocorreu depois que os Planos de Desligamento Voluntário Programado (PDVPs) de 2015 e de 2016, embora importantes, não foram suficientes para o ajuste da saúde econômico-financeira da Companhia”, consta em nota encaminhada pela Cemig.

PDVPs

Desde o ano passado, a Cemig abriu dois Programas de Desligamento Voluntário Programado, com a adesão de mais de 600 empregados. Na época o sindicato também questionou a medida. A companhia alega que os programas e a renegociação de contratos de materiais e serviços com os fornecedores não foram suficientes para obter a economia desejada.

A Cemig ainda apontou a existência de uma dívida em torno de R$ 6,3 bilhões com vencimento este ano.

“Em função da piora do cenário econômico, os custos de refinanciamento desta dívida aumentaram acima das expectativas mais pessimistas do mercado, colocando em risco a sustentabilidade das empresas do setor elétrico brasileiro, inclusive a Cemig”, argumentou.

O advogado do Sindieletro, Flávio Roesberg disse que uma ação de dissídio coletivo será impetrada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT 3ª Região) para reverter as demissões e reintegrar os funcionários aos quadros da empresa.