Carne segue como vilã; Custo com alimentos básico representa 45% do salário mínimo bruto
Pelo sexto mês consecutivo, o custo médio da cesta básica de alimentos em Divinópolis foi reajustado. De acordo com o levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (NEPES) da Faculdade Una Divinópolis, em outubro, o grupo de alimentos passou a custar R$ 495,15, ante R$ 478,84 em setembro, o que representa um aumento de 3,41% entre os meses supracitados.
A pesquisa também apresenta que para o trabalhador remunerado pelo piso nacional, este valor é equivalente a 45% do salário mínimo bruto, em setembro, o percentual foi de 43,5%.
De acordo com o professor universitário e coordenador da pesquisa, Wagner Almeida, a carne segue como vilã, representando o maior peso (40,54%) na composição da cesta. Foram pesquisados os preços dos cortes chã de dentro e chã de fora.
No mês de outubro foi observada uma alta de 2,7% em relação a setembro neste produto. Entre os itens que demonstraram aumento estão a batata inglesa (40,19%), o tomate (38,78%), a farinha (20,41%) e o café (8,6%).
“A alta no preço da batata se deve a chuva que causou dificuldades na colheita e reduziu a oferta, o que elevou o patamar de preços no varejo. O tomate que em função da maturação lenta do fruto reduziu a oferta e os preços subiram. A alta no preço do café se explica, pois, a geada do final de julho e a estiagem prolongada comprometeram a oferta do grão, o que levou a alta do preço no varejo. Houve ainda influência da baixa oferta global de café e das elevadas cotações externas”, explica Wagner.
O professor universitário ainda destaca os produtos que baixaram o preço, como a banana (29,15%) e da manteiga (5,30%).
“O feijão apresentou redução de 4,75%, apesar do período de entressafra, a queda da demanda, devido aos altos patamares de preços, influenciou a redução de valores no varejo”, ressalta.
Para este levantamento não foram considerados preços promocionais para os produtos listados.
Salário mínimo
Ainda segundo o levantamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (NEPES), estima-se que o Salário Mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 3.713,62, valor que corresponde a 3,37 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, composta por dois adultos e duas crianças, que por hipótese, consomem como um adulto, metodologia implantada pelo Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos, o DIEESE.
“Pode-se inferir que este seria o orçamento total capaz de suprir também, as demais despesas com habitação, vestuário, transporte e outros”, explica o coordenador da pesquisa, Wagner Almeida.
O professor universitário ressalta que com base no valor médio da cesta básica em outubro/2021, o trabalhador divinopolitano remunerado pelo piso nacional precisou trabalhar 99 horas e 18 minutos, mais que em setembro, quando foi de 95 horas e 46 minutos
“Com o valor de R$ 495,15, a cesta básica representa 45% do salário mínimo bruto. Ao comparar com o salário mínimo líquido, isto é, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador comprometeu em outubro, 48,66% do salário mínimo líquido vigente para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta”, analisa.
Ainda segundo Wagner Almeida, justificando esta alta observada nos preços, destaca-se que no dia 26 de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação oficial do País, o IPCA-15. De acordo com o levantamento o índice ficou em 1,20% em outubro. A taxa acelerou em relação a setembro, quando marcou 1,14%. No ano, o IPCA-15 (prévia da inflação) acumula alta de 8,30%. E, em 12 meses, passou de 10,05% em setembro para 10,34% em outubro.