Cleitinho no programa Cidade Urgente (Foto: Divulgação/Sintram)

 

Sintram entrou em contato com a assessoria do deputado cobrando resposta a ofício enviado há 20 dias; reunião foi agendada com o sindicato

Depois de defender publicamente a revisão salarial para os agentes de segurança do Estado, o deputado Cleitinho Azevedo (CDN) se viu obrigado a se posicionar sobre a situação dos servidores municipais de Divinópolis, cidade onde reside e está sua base eleitoral.

O prefeito Gleidson Azevedo (PSC), irmão do deputado, se negou a conceder a revisão salarial e até a última segunda-feira (18/10), Cleitinho mantinha-se em silêncio sobre o assunto. Embora tenha sido provocado pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), em reportagem publicada no dia 27 de setembro, o deputado não fez nenhuma manifestação.

No dia 28 de setembro, o Sintram protocolou um ofício no gabinete político do deputado em Divinópolis, pedindo uma audiência exatamente para discutir o apoio do deputado para o pagamento da revisão salarial aos servidores de Divinópolis. Até a última segunda-feira, o deputado também não havia se manifestado sobre o pedido formulado pelo Sindicato.

Na entrevista que concedeu na última segunda-feira (18) ao programa Cidade Urgente, da TV Candidés, o deputado foi surpreendido pela cobrança feita por um telespectador, que pediu seu posicionamento sobre a revisão salarial dos servidores municipais de Divinópolis, já que ele é a favor da revisão salarial para as forças de segurança do Estado.

Em resposta ao telespectador, Cleitinho Azevedo ameaçou o irmão de fazer oposição ao seu governo, caso a revisão não seja concedida.

“Tô defendendo [a revisão] e quebrei o pau com meu irmão e falei que se ele não der esse aumento aí até janeiro, ele vai ter uma oposição que é eu (sic)”

O deputado fez uma veemente defesa dos servidores públicos, que segundo ele não são o problema do país.

“O servidor, tanto municipal quanto estadual é um patrimônio da máquina pública. Eu fico muito triste quando as pessoas ficam julgando o servidor, falando que o servidor não trabalha, que o servidor não faz isso… O problema do país não é o servidor. O problema do país é a corrupção, é o mau uso do dinheiro público, é o desperdício do dinheiro público”, afirmou Cleitinho Azevedo.

Ofício

Após a entrevista concedida à TV Candidés, a diretoria do Sintram cobrou do deputado a resposta sobre o pedido de audiência feito há mais de 20 dias para discutir a revisão. Inicialmente a assessoria do deputado marcou o encontro para o dia 4 de dezembro, sob alegação de falta de datas. Na manhã desta quarta-feira (20) a assessoria do parlamentar comunicou que a reunião foi remarcada para a próxima segunda-feira (25), às 15h30.

A presidente do Sintram, Luciana Santos, disse acreditar que se o deputado confirmar seu posicionamento favorável à revisão e exigir que seu irmão, o prefeito Gleidson Azevedo, cumpra a legislação, conforme ele declarou na entrevista à TV Candidés, são muito boas as possibilidades de atendimento da reivindicação.

“Sabemos que a voz do deputado tem um peso muito importante na administração municipal. Se, de fato, ele efetivar o que disse na entrevista, não temos dúvida de que a revisão deverá ser concedida. Temos que lembrar que ele deu um prazo ao prefeito até janeiro, o que significa que já estaremos próximos de outra revisão nos salários. Na reunião com o deputado vamos lembrá-lo disso, pois além dos 5,2% desse ano, que representam a inflação acumulada de 2020 e que deveriam ter sido incorporados automaticamente à folha de pagamento do mês de março, em janeiro já teremos a inflação acumulada de 2021, para ser incorporada aos salários de 2022. Esperamos uma boa conversa com o deputado e que ele nos ajude a encontrar uma solução para essa demanda”, disse a presidente.

Lei complementar 173

O prazo dado pelo deputado coincide com o fim do prazo previsto na lei complemente 173. Ela é usada pelo governo municipal para barrar o gatilho este ano.

“União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios afetados pela calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19 ficam proibidos, até 31 de dezembro de 2021, de:

I – conceder, a qualquer título, vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a membros de Poder ou de órgão, servidores e empregados públicos e militares, exceto quando derivado de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal anterior à calamidade pública”., conta no artigo 8°.