Escola de Itaúna enviou cartilha aos país alertando sobre itens da “moda” que colocam em “risco” os valores da família
O Colégio Recanto do Espírito Santo, em Itaúna, virou alvo de polêmica após encaminhar cartilha aos pais dos alunos tratando imagens de arco-íris, unicórnio como “antifamília”. O comunicado foi uma espécie de “alerta” contra “imagens inocentes” em materiais escolares, como cadernos, estojos. A instituição de orientação católica é mantida pela Associação Recanto do Espírito Santo.
“As principais ideologia antifamília têm feito de tudo para instalar em nosso meio e utilizam, principalmente, os materiais infantis e com estampas que parecem ingênuas”, afirma na cartilha com data de 12 de janeiro.
Em um dos tópicos da cartilha, a instituição particular diz que o arco-íris “um símbolo de aliança de Deus com seu povo” foi “raptado” pela “militância LGBT”. Afirma ainda que o unicórnio se apresenta como figura “doce e encantadora”, mas representa “perigo”, que é “mais um símbolo contrário à lei natural, contrário aos planos de Deus”.
“O perigo é o que ele representa atualmente, pois também é utilizado por personalidades para identificar alguém de gênero não binário, que não se identifica como homem, como mulher e nem mesmo como um transexual”, afirma.
Antes, a escola, com perfil conservador, havia criticado a imagem do revolucionário argentino Che Guevara, assim como de caveiras.
“Há anos era comum ver jovens estampando o “A” de anarquia, que é a ruptura com toda e qualquer organização e hierarquia. Ou seja, uma rebeldia completa. Os cadernos e camisetas com caveiras (cultura de morte), foice e martelo e com o rosto de Che Guevara (grande assassino e revolucionário comunista) estão na moda há décadas. Mas hoje, vejo também outros riscos”, consta na cartilha.
Ministério Público
Uma denúncia foi protocolada no Ministério Público contra a cartilha.
“O MPMG informa que tomou conhecimento sobre o fato e está colhendo informações para avaliar a abertura de um procedimento investigatório”, informa a assessoria de comunicação.
Até o fechamento desta matéria, o colégio não se manifestou.
A instituição foi criada no final de 2018 provocada “pelas mudanças sociais e educacionais; pelas perdas dos valores religiosos, espirituais, éticos, morais, e principalmente, por consequência, a fragilização das famílias”.
Polêmica
Em junho do ano passado a escola se envolveu em outra polêmica ao responsabilizar mulheres por serem estupradas por causa das roupas. O post, na época, foi apagado. Embora tenha afirmado que concorda com a “modéstia em vestir”, disse que a publicação abriu margens para interpretações que não são a opinião do colégio.
“Quando a mulher decide expor partes do corpo que deveriam estar cobertas se torna uma sedutora, partilhando assim a culpa do homem. De fato, os teólogos ensinam que o pecado da sedutora é muito maior que o da pessoa seduzida”, postou na época.