Vereador aproveitou para aparar as arestas após mal-estar gerado por declarações contra o hospital

O setor de nefrologia do Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, foi vistoriado pelos membros da Comissão de Saúde, os vereadores, Renato Ferreira (PSDB) e Josafá Anderson (Cidadania), nesta quarta (25). Os parlamentares aproveitaram para aparar as arestas depois de um clima tenso entre a instituição e Anderson.

As declarações do vereador do Cidadania provocaram mal-estar. Em um dos pronunciamentos, disse que era necessário abrir a “caixa preta do hospital” e o acusou de fazer “seleção de pacientes” para internações do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, ele disse que a frases faziam parte de um contexto.

Anderson alegou que a unidade “se precipitou” ao rebater as afirmações sem o procurar. “Eles deviam ter buscado informação, procurado o vereador”, argumenta. Para ele, houve “excesso” no termo “criminal” usado na nota enviada pela superintendência. O hospital disse que tomaria providências no âmbito judicial devido ao que chamou de “ofensa”.

Na reunião com a superintendente, Elis Regina ele disse que deixou claro que as questões abordadas no pronunciamento partiram de uma denúncia. A cópia foi entregue ao presidente da Comissão, o vereador Renato Ferreira que a repassou para o secretário de Saúde, Amarildo de Sousa.

“Se eu não repassasse seria prevaricar. Foi uma conversa amigável, tranquila, porque queremos buscar parceria para ajudar a saúde de Divinópolis, que inclui o São João de Deus”, conta.

Conhece, mas não concorda

Segundo Anderson, a superintendente e o assessor geral, André Waller esclareceram como ocorre o processo de transferência de pacientes. “Explicaram coisas que eu conheço, mas não concordo. Essa questão de leitos é através de uma central que não sabemos onde é, como é”, argumenta e completa: “O São João de Deus só recebe pacientes de alta complexidade, os de média vão para outras cidades”.

Na segunda (23), o vereador ser reuniu com o secretário de saúde e com o superintendente da regional, Allan Rodrigo da Silva. “Levei a proposta para que conversem com os hospitais da cidade para liberarem 10 leitos pelo SUS. Fica difícil conduzir pacientes de Divinópolis para outros municípios com quatro hospitais aqui”, alega.

Mortalidade abaixo da média

Os casos envolvendo a hemodiálise do hospital também foram abordados. Nos próximos dias, um novo relatório deverá ser apresentado pela Vigilância em Saúde. O setor foi vistoriado após denúncias e internações por pirogenia – reação desencadeada pela presença, na corrente sanguínea, de soluções contaminadas.

Em nota encaminhada aos vereadores, a superintendente afirmou que o índice de mortalidade no setor de nefrologia do São João de Deus está abaixo da média nacional e internacional.

“Portanto não apenas quatro pacientes, mas todos os pacientes que eventualmente evoluíram para óbito serão intensamente investigados pela Comissão Permanente de Óbitos (CPO) que investiga obrigatoriamente todos os óbitos da instituição para se levantar qual foi o motivo que provocou tal desfecho”, informou.

O hospital aguarda, segundo o presidente da Comissão de Saúde, Renato Ferreira, a liberação dos R$200 mil da emenda do deputado federal, Domingos Sávio (PSDB), para investir no setor. O dinheiro já está em poder do município. A nota fiscal foi repassada no dia 13 de setembro à diretoria financeira da Secretaria de Saúde para pagamento.

“Serão feitas algumas melhorias com esta verba, poltronas, ar condicionado, mas será necessário mais e teremos que buscar”, antecipa o tucano.

Entre junho de 2018 e janeiro deste ano foram adquiridas 16 novas máquinas de hemodiálise, no valor total de R$ 755 mil. A unidade ainda está em processo de substituição de todo o mobiliário das salas de hemodiálise.

Foram investidos mais de R$ 51 mil com a compra de 23 poltronas e 50 puffs baús. Das poltronas, 10 já estão disponíveis para uso e outras 13 estão previstas para chegarem até o dia 26 de setembro. Houve ainda a aquisição de novos ares-condicionados que tem previsão de chegada para esta semana, quando então iniciar-se-á a instalação.

Qualquer possibilidade de suspensão do serviço foi negada. O hospital também negou a informação repassada pela assessoria de comunicação da prefeitura de que foi recomendado a implantação de um quarto turno para equilibrar a paralisação de algumas máquinas.

Estacionamento

O presidente da comissão aproveitou para sugerir adequações no estacionamento.

“Para evitar o que ocorreu no Rio de Janeiro, temos que ver situações de risco para ajudar a evitar. Lá é muito apertado. Não foi pensado na época, planejado”, finalizou.

A nefrologia do hospital atender cerca de 240 pacientes por mês.