Paulo Gonçalves (foto) comemorando o título de um torneio conquistado em 2016

Nos últimos anos, notícias na mídia sobre jogadores se dando bem em competições de poker se tornaram comuns. Afinal, o Brasil é um dos melhores países do planeta quando o assunto é a prática da modalidade em alto nível.

Não é preciso pesquisar muito para encontrar uma história de sucesso. Representando Divinópolis, Paulo Gonçalves saiu do Oeste de Minas Gerais para conquistar grandes resultados nos maiores torneios do Brasil e do mundo.

Também conhecido como “Barão”, entenda no artigo de hoje por que ele é uma referência na modalidade a nível nacional e, consequentemente, como ajuda a consolidar o status mineiro perante aos outros Estados na modalidade das cartas.

O auge da carreira: participação histórica no maior torneio do mundo

Oriundo de uma região com tradição na modalidade e que sedia torneios regularmente, Paulo se encaixa na descrição de competidor recreativo. Dessa maneira, ele não leva o poker como principal profissão e joga torneios ocasionalmente ao longo da temporada.

Em 2018, o jogador teve um ano muito ocupado em outros projetos profissionais e, em uma das poucas oportunidades para jogar, resolveu viajar até Las Vegas para participar da 49ª edição do World Series of Poker (WSOP). Esse circuito é realizado no luxuoso Rio All-Suite Hotel & Casino, e na edição de 2018 foram mais de 9 mil competidores.  

A missão, contudo, não seria fácil. O WSOP tem uma gama de competições diferentes. Em 2018 foram aproximadamente 70 etapas — o torneio mais importante é sempre o Main Event. Entre os vários jogos de poker existentes, ele é regularmente disputado no texas hold’em, a mais popular das variantes e que é a principal especialidade de Paulo.

Como dito, não seria missão fácil. Cereja do bolo do WSOP, o Main Event sempre reúne os melhores jogadores do mundo que vão em busca do título mais cobiçado do poker mundial. Em meio a uma competição tão qualificada, entrar na “área de premiação”— termo utilizado no poker para definir os competidores que conseguem retorno financeiro dentro do torneio – já é um feito espetacular.

No Main Event do WSOP de 2018, que contou com várias mudanças em relação aos anos anteriores, 1.182 jogadores conseguiram premiação. Paulo esteve entre eles e fez bonito ao chegar ao sétimo dia de competição.

Melhor brasileiro qualificado em todo torneio, o divinopolitano terminou a etapa em 21º.  Contra tantos inscritos, finalizar uma competição dessa magnitude entre os 25 primeiros é um feito extraordinário e que poucas vezes foi repetido durante toda história do poker nacional.

Além disso, o feito de Paulo marcou a primeira vez em três temporadas que um jogador brasileiro disputou o sétimo dia de competição do Main Event — como se trata de um torneio tão grande, a sua realização geralmente é realizada por no mínimo uma semana de jogos diários.

Em um determinado momento da etapa, Gonçalves chegou a estar entre os 10 primeiros. No entanto, uma sequência negativa puxou o jogador para baixo e minou as suas chances de título.

Paulo foi eliminado diretamente pelo estadunidense Michael Dyer, jogador experiente que nessa edição do Main Event terminou na terceira colocação geral — atrás apenas de Tony Miles e do campeão John Cynn, respectivamente.

Bracelete do WSOP (foto) é o objeto mais cobiçado pelos jogadores do mundo todo

Após a excelente participação, que lhe rendeu o prêmio de US$ 282.630, Paulo deu uma entrevista para o canal do YouTube do site SuperPoker e falou sobre a emoção de ter conquistado esse resultado histórico. “Tudo que a gente vive faz a gente crescer. Os momentos que passamos em um torneio como esse servem como aprendizado para a vida toda”, afirmou o jogador.

Mesmo sem ter conseguido chegar à mesa final (composta pelos nove primeiros colocados), Paulo afirma que esse resultado foi fruto de um amadurecimento notável conquistado ao longo da carreira nas cartas. “O controle emocional que tive no Main Event foi bom. Eu não tinha isso quando era mais novo. Fui aprendendo e deu certo”, completou na entrevista com o SuperPoker.

Vale ressaltar que em 2018 o também brasileiro Roberly Felício conquistou o maior resultado da história do poker nacional em um evento do WSOP. Natural de Goiás, o empresário foi campeão do Colossus, um torneio que contou com a participação de mais de 10 mil competidores.

Outras participações de destaque

A ótima participação de Paulo no WSOP de 2018 marcou a sua carreira, mas não foi a única vez que ele brilhou em uma mesa de poker diante de competidores qualificados.

Regular em torneios do Campeonato Brasileiro de Poker (Brazilian Series of Poker) desde 2015, o mineiro já teve algumas participações relevantes nesse circuito.

Há quatro anos, por exemplo, Paulo chegou a ser campeão de um torneio do Campeonato Brasileiro de Poker realizado em Rio Quente, Goiás. Também em 2016, o jogador venceu uma etapa do World Series of Poker Circuit (WSOPC), sediado em São Paulo.

O WSOPC é uma variação internacional do WSOP e realizado em diversas localidades por todo do globo. Portanto, Paulo é um dos poucos jogadores brasileiros com sucesso nos dois circuitos.

Por não levar o poker como principal profissão e, consequentemente, não disputar todas as etapas de uma temporada como o Campeonato Brasileiro de Poker, Paulo não tem como principal objetivo vencer um ranking anual de um grande circuito, mas ele é certamente uma ameaça aos outros competidores em todos os torneios que participa.

Com o seu nome já cravado na história recente do poker nacional, o divinopolitano certamente está entre os principais competidores do país e a expectativa para o futuro é de realizações ainda maiores.