Parlamentares denunciam conteúdo ideológico em material didático do Colégio Tiradentes.(FOTO: Reprodução Redes Sociais)
Parlamentares denunciam conteúdo ideológico em material didático do Colégio Tiradentes.(FOTO: Reprodução Redes Sociais)

Colégio Tiradentes promete investigação após denúncia de conteúdo ideológico em material didático

O deputado estadual Eduardo Azevedo (PL) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) denunciaram o material pedagógico do Colégio Tiradentes, acusando-o de conter conteúdo ideológico. Eles alegam que as apostilas distribuídas aos estudantes refletem uma ideologia contrária ao pensamento conservador.

A acusação gerou polêmica entre os envolvidos na educação.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, os parlamentares criticaram o conteúdo das apostilas e afirmaram que há uma tentativa de doutrinação ideológica direcionada à esquerda. Eduardo Azevedo chegou a negar a existência da ditadura militar no Brasil e a afirmar que Hitler era de “esquerda”.

De acordo com Eduardo Azevedo, o material defende que o Brasil deve manter relações comerciais com países comunistas em vez de priorizar parcerias com nações capitalistas, como os Estados Unidos. Ele também apontou uma suposta comparação entre a extrema-direita europeia e Adolf Hitler.

O governo nazista – que provocou o assassinato em massa de judeus e outras minorias, mantendo uma política racista – vigorou na Alemanha de 1933 a 1945.

“Vem me falar que Hitler era de direita? Muito pelo contrário, o cara era um ditador. E quando se fala de ditadura, isso é perfil de governo de esquerda”, afirmou o deputado.

Críticas sobre o conteúdo

Ignorando a existência da ditadura militar brasileira – um regime político que durou 21 anos, entre 1964 e 1985 – o parlamentar também criticou a abordagem sobre o tema, alegando que o material estaria colocando estudantes contra seus pais — já que grande parte dos alunos do Colégio Tiradentes são filhos de policiais militares.

“Eles chamam o regime militar, que salvou o Brasil do comunismo, de ditadura. Se não tivesse existido o regime militar, o Brasil estaria igual a Cuba e Venezuela”, disse.

Governos petistas e conteúdo ideológico nas apostilas do Colégio Tiradentes

A apostila também aborda os governos de Lula, Dilma e Bolsonaro. Segundo Cleitinho Azevedo, há uma tentativa de vitimizar os ex-presidentes petistas e responsabilizar Bolsonaro pela pandemia.

“Olha isso aqui. O Lula foi condenado, mas estão dizendo que não há provas concretas. Querem vitimizá-lo como se fosse inocente”, criticou.

Ele também mencionou trechos que abordam a gestão da pandemia, afirmando que há uma tentativa de atribuir as mortes por COVID-19 exclusivamente ao ex-presidente Bolsonaro.

“Querem jogar tudo na conta do Bolsonaro. Querem dizer que o governo do Lula e da Dilma era melhor, e o do Bolsonaro, um desastre”, declarou.

Diante das denúncias, os parlamentares afirmaram que já encaminharam o caso ao governador Romeu Zema e ao Ministério da Educação.

“Isso aqui tem dinheiro público. Se o MEC autorizou, tem que responder por isso. Estou tomando as devidas providências”, garantiu o deputado.

Os parlamentares também pediram que os pais fiquem atentos ao conteúdo das apostilas dos filhos.

“Nós não vamos aceitar que esse tipo de doutrinação atrapalhe o ensino do Colégio Militar. Isso acontece não só em Minas Gerais, mas em todo o Brasil. E sabe quanto custa esse material? Quase R$ 1.000 para fazer doutrinação ideológica a favor da esquerda”, finalizou Cleitinho.

Colégio Tiradentes instaura comissão

A Rede de Colégios Tiradentes da Polícia Militar (CTPM) se manifestou sobre o caso e declarou que o material segue as diretrizes nacionais.

“A Rede CTPM, em conformidade com sua missão educacional, vem a público esclarecer que o material didático adotado em suas unidades escolares segue, por vinculação normativa, os currículos escolares constantes na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e coloca em prática o que está previsto no artigo 9º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, além das Constituições Federal e Estadual.”

Apesar de afirmar que o material segue as diretrizes nacionais, a instituição declarou que investigará as denúncias.

“No entanto, com base nas informações aportadas nesta Diretoria de Educação Escolar, da Polícia Militar de Minas Gerais, e considerando que o ano letivo de 2025 está apenas em seu início, nomeou uma comissão extraordinária para análise das informações e do material didático relacionado e medidas subsequentes, caso sejam necessárias.”

Por fim, a CTPM reforçou seu compromisso com a educação, visando a formação crítica e consciente dos alunos:

“A Diretoria de Educação Escolar reafirma seu compromisso com uma educação de qualidade, que visa a formação crítica e consciente de nossos alunos, sempre com imparcialidade e responsabilidade.”