Análise sinaliza para curva descendente de contaminação ao mesmo tempo em que afirma ser prudente acompanhamento prolongado da evolução; Secretário de Saúde contesta

Pesquisa encomendada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) ao Instituto de Pesquisa Censuk, aponta que Divinópolis registrou, após a retomada parcial e escalonada das atividades econômicas, curva descendente de contaminação da população pelo novo Coronavírus. Ao mesmo tempo, o levantamento divulgado nesta sexta-feira (08), conclui que o período de amostra não é suficiente para afirmar se a curva está caindo ou aumentando.

Segundo a pesquisa, os dados não apontam para uma tendência de crescimento de contaminação da população após a abertura parcial do comércio em Divinópolis.

“Ao contrário, os dois gráficos anteriores mostram que entre os dias 23 e 24 de abril atingimos um pico, e a curva passou a ser claramente descendente a partir do dia 25 de abril, mantendo-se abaixo dos valores pregressos”, consta no relatório.

Afirmando “que o período de funcionamento parcial do comércio ainda é bastante curto, de apenas oito dias” na análise, o levantamento não aponta “para uma clara tendência de crescimento do contágio na população”. Ao mesmo tempo, ele conclui que o período de amostra não se mostra suficiente para definir tendência de queda ou aumento.

“Muito mais prudente que essas análises se prolonguem e sejam acompanhadas para que se baseie uma decisão em projeções que possam apontar as tendências com mais segurança”, concluiu.

Os dados

De acordo com a pesquisa, nos 22 dias entre 01/04 e 23/04, enquanto o comércio de Divinópolis estava totalmente desativado, a média diária de novas notificações diárias era de 27, enquanto que a média de confirmações/dias ficou em 2,1.

Já no período de oito dias em que o comércio divinopolitano funcionou parcialmente, a média diária de notificações ficou em 12,2, menos da metade da média do período anterior, e a média diária de confirmações subiu para 2,4, mostrando um crescimento de apenas 0,3 novas confirmações diárias entre um período e outro.

“Nesse último caso, ainda devemos levar em consideração o lapso de tempo existente entre a notificação de um caso e sua confirmação por exames, que demora vários dias”, informou.

Veja a pesquisa completa:

Prefeitura contesta

Em nota o secretário de Saúde, Amarildo de Sousa alega “que em um fenômeno epidemiológico como este que ora nos assola não pode ser compreendido apenas através de números, desprezando variáveis que são elementos-chave de interpretação do fenômeno”.

Ele ainda afirma que mesmo a análise fria dos dados, não permite concluir que estamos vivenciando um momento de curva descendente.

“A curva ainda é ascendente e, graças às medidas de isolamento até aqui adotadas, a velocidade de contágio é que se manteve controlada. Como houve flexibilização das medidas a partir do dia 27.04.2020, a tendência é que a velocidade do contágio se altere. No entanto, apenas a partir da próxima terça-feira (12) será possível analisar com mais vagar a evolução dos casos para, só então, decidirmos quais os caminhos a serem adotados pelo município”, afirmou.

Segundo o secretário, a taxa da ocupação de leitos hospitalares, que é o indicador mais sensível, tem apresentado relativo crescimento, situação que tem sido diligentemente monitorada pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria constante com o Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao COVID-19.

“Oportunamente, é prudente que fique consignado que, neste momento crucial de evolução do número de casos de COVID-19 em Divinópolis, as tentativas de antagonizar posicionamentos eminentemente técnicos apenas porque eles, n’alguma medida, contrariam interesses, ainda que legítimos, de determinados grupos, é atitude bastante temerária, porque tem o condão estimular a sensação falseada de retorno à normalidade”, enfatizou.

“A Secretaria Municipal de Saúde chama à responsabilidade todos aqueles que tem relutado em entender a gravidade da situação que estamos vivenciando e ressalta a necessidade de nos mantermos diligentes na observância das medidas de isolamento social. Nossa recomendação ainda é para os deslocamentos somente aconteçam em situações realmente necessárias e que todas as medidas de higienização já amplamente divulgadas sejam rigorosamente observadas”, finalizou.