“Não é possível esperar que só o poder público cuide da saúde. As pessoas precisam ter conscientização”, afirma Amarildo; Flexibilização deve ser ampliada

Apesar da média de quase uma morte por dia por Covid-19 ao longo da última semana, em Divinópolis, o secretário municipal de Saúde Amarildo de Sousa afirma que a situação ainda está sob controle. De domingo (07) a sexta (12), foram confirmados mais sete óbitos na cidade, totalizando 10, como mostrado pelo PORTAL GERAIS.

O boletim mais recente da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) aponta 2588 notificações suspeitas do novo coronavírus. Já são 254 confirmações do novo coronavírus na cidade, 221 foram descartadas e 183 pacientes recuperados.

“Está controlada porque as mortes não ocorreram todas hoje, é um acumulado, é desde o início da pandemia. O número incógnito espanta mesmo, as pessoas devem ter consciência e se incomodar. Foram quase uma por dia desde domingo”, afirma.

O principal indicador para acender a luz de alerta é a taxa de ocupação de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que está em 51,1%. Dos 143 leitos disponíveis no município, 74 estavam ocupados até esta sexta-feira (12). Deles, 12 eram com pacientes com quadro clínico compatível com Covid-19. Outros 24 estão em enfermarias.

“Do ponto de vista da ocupação dos leitos é controlado, o problema é a taxa de infecção, com o povo na rua vai aumentar. Quanto mais forem infectados em pouco tempo, o risco de muitas pessoas ficarem graves ao mesmo tempo é maior”, analisa.

A primeira morte registrada na cidade devido ao novo coronavírus foi no dia 08 de abril. A paciente era médica, tinha 46 anos e não apresentava nenhuma comorbidade. A segunda ocorreu no dia 14 de maio. O paciente tinha 68 anos e era hipertenso, cardiopata e tinha insuficiência renal. O terceiro caso foi de uma idosa, de 94 anos, no dia 31 do mesmo mês.

Uma vítima por dia

A demora para o resultado dos exames foi responsável em inflar os boletins diários da semana passada. Entre as novas vítimas estão duas idosas, de 67 e 84 anos e um homem de 55. Os três pacientes estavam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e apresentavam comorbidades. Apesar dos óbitos terem ocorrido em dias diferentes, todos entraram no boletim desta sexta.

Na segunda-feira (08), a Semusa havia confirmado outro óbito correspondente a um paciente de 89 anos. O idoso tinha comorbidade e estava internado com confirmação de Covid-19 no Hospital São Judas Tadeu desde o dia 19 de maio.

Também está entre as vítimas, uma mulher de 45 anos. Ela morreu no dia 31 de maio em decorrência de uma cirurgia de pielonefrite, entretanto ela já havia testado positivo para a doença. Ela era diabética, hipertensa e cardiopata.

O óbito seguinte foi de um paciente de 87 anos, do sexo masculino, com cardiopatia e pneumopatia crônicas. A outra morte registrada foi de um paciente de 69 anos. Ele não apresentava nenhuma comorbidade.

Os novos casos ainda não apareciam no boletim da Secretaria de Estado de Saúde (Ses).

Flexibilização

O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 prefere, por enquanto, não falar em frear ou recuar com a flexibilização. Com restrições, como limitação de clientes, horários e dias de funcionamento, uso obrigatório de máscaras, a maior parte das atividades econômicas já foi retomada, a maioria nos últimos 10 dias. A partir de sexta-feira (19) também devem entrar para a lista a celebrações religiosas.

“Vamos observar e ficar atentos para ver como será o comportamento daqui em diante”, destacou o secretário de Saúde.

A aposta, mesmo em meio ao aumento da curva de infecção, é na conscientização da população.

“Não é possível esperar que só o poder público cuide da saúde. As pessoas precisam ter conscientização. A responsabilidade da saúde não é só do governo. O que essas pessoas estão fazendo nas ruas? Irresponsabilidade”, declarou Sousa.

Em uma carta intitulada “à população de Divinópolis” o secretário afirmou que a pasta está orientando e tomando medidas institucionais seguindo os protocolos indicados pelo Comitê de enfrentamento Municipal, Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde (MS) e autoridades sanitárias regionais, que estão ancorados em fundamentos da ciência.

Disse também que a flexibilização ocorreu devido “ao sucesso das medidas anteriormente adotadas” e para tentar mitigar os impactos econômicos. Afirmou ainda que “no momento as armas que temos são essas, medidas de higiene e isolamento social”.