Vereadores criticaram e desafiaram o autor da petição a abrir mão do salário e dos assessores por 90 dias

A proposta de “cortar na carne” e enxugar os gastos da Câmara de Divinópolis, do vereador Matheus Costa (CDN), não virou nem mesmo anteprojeto e já encontra resistência. A matéria do PORTAL GERAIS repercutiu na reunião ordinária, desta quinta (22), e alguns parlamentares chegaram até mesmo a desafiar o dono das propostas.

A petição mobilizada por Costa fala em corte de pelo menos 25% no número de vereadores e salários. Ele propõe a redução de comissionados, assessores, extinção da cota de gabinete e dos carros próprios do Legislativo. Sugere também a mudança de horário das reuniões de 14h para as 19h.

O vereador César Tarzan (PP) criticou a postura de Matheus Costa. Disse que o vereador apenas “esperneia” e fica por conta de fiscalizar os demais parlamentares.

“Vai chegar no final do mandato e o que você fez? “Eu xingei, gritei, esperneei, mas um trabalho para a comunidade, de fato, ele não apareceu. Então desse mal, eu não quero morrer. Eu coloco os meus quatro assessores para trabalhar com dignidade”, disse Tarzan em pronunciamento.

Não satisfeito com a ideia de abrir mão dos quatro assessores dele disparou: “Se acha que os assessores não têm serventia, que abra mão dos seus”.

Desafio

O líder do Executivo (SD), o vereador Eduardo Print Jr. (SD) também saiu em defesa dos assessores e foi além, disse que número ainda é pequeno para o trabalho que eles exercem. Cada vereador tem direito a 4, um total de 68 que custam mais de R$14 milhões ao Legislativo.

“Problemas, tem na cidade inteira e de todas as naturezas […] E tudo isso, são 17 vereadores que têm que percorrer, 732 km² que existem nessa cidade”, declarou Print Júnior.

Os assessores, segundo ele, auxiliam nestes trabalhos.

“Quando se não consegue atender às agendas que são marcadas nas 13 secretarias, conselho do idoso, da juventude, do esporte, da saúde, nós nos sentimos representados pelos nossos assessores (…) Quando você está em Brasília, em Belo Horizonte, discutindo e buscando recursos, eles estão aqui nos representando”, destacou.

Print Jr. ainda desafiou Matheus a dispensar os assessores dele e abrir mão do salário por 90 dias.

“Trabalhe sozinho, faça uma experiência, de dois, três meses e depois vem e fale “olha, realmente dou conta de trabalhar sozinho e acredito que todos vocês também”. Acho que aí seria legal propor o projeto. Fazer isso e falar em tirar, sem ter experiência, como? Tirar por tirar? Deixar de atender? Porque é isso que vai acontecer, pois não vamos poder estar em todos os cantos dessa cidade”, falou.

Salários

O líder do Executivo também defendeu a remuneração. Disse que o atual subsídio não é muito considerando as obrigações.

“Dedicamos o tempo a essa profissão, de estudar projetos, propondo emendas, apresentando os problemas da sociedade, buscando soluções junto ao Executivo, estando aqui aptos a discussão, comissão, CPI, investigação de lotes. Tudo isso é trabalho do vereador e mesmo assim eu digo que é pouco. Tem servidor na prefeitura que ganha R$20 mil”, declarou citando que com os descontos o salário do vereador cai de R$11 mil para cerca de R$8 mil.

O vereador ainda mencionou que os custos com combustíveis ficam por conta de cada edil. Eles também não têm direito mais a locação de carros.

“Abrimos sim mão, pela economia, mas acredito que cada vereador deve cuidar do seu mandato, do seu gabinete e do seu salário”, estendeu Print Júnior.

Outro lado

O PORTAL GERAIS procurou Matheus Costa, que afirmou que tinha certeza de que a proposta não ia agradar. Ele afirmou também que o sistema é forte e existe uma complexidade em relação ao “corte de regalias”, mas que continuará com a petição contra isso.