Vigilância Sanitária diz que a situação nas escolas está controlada e que preocupação é com aglomerações em bares e festas

Jéssica Augusta Pereira

O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro MG) formalizou no dia 02 deste mês, uma denúncia na Vigilância Sanitária contra algumas escolas da rede particular que retomaram as atividades em novembro. Segundo Valéria Morato, presidente do órgão, o que motivou a notificação entregue ao comitê do Covid-19 em Divinópolis (MG) no dia 04, foi a continuidade das aulas diante da contaminação entre professores e professoras.

“Sei de professores que tiveram que se hospitalizar e aqueles que estão em isolamento. O maior problema é o não reconhecimento dessa contaminação e a continuidade das aulas. Isso coloca em risco não só os professores e professoras como também os estudantes e suas famílias.” declarou.

De acordo com a dirigente, o número de pessoas que tiveram contato com o vírus não foi contabilizado.

“Não sabemos ao certo o número de contaminados. Alguns estavam com suspeitas, com sintomas muito evidentes e tem ainda aqueles que, de fato, se contaminaram”, afirmou.

Contudo, o Sindicato recebeu diversas denúncias de responsáveis e membros da escola e das famílias que também não concordaram com o retorno.

“Em menos de um mês do retorno presencial já começamos a receber inúmeras denúncias de pais, de professores e professoras e também de familiares desses”, disse.

Valéria ressalta ainda, que as escolas que retornaram no dia 23 de novembro infringiram o Decreto do Comitê Estadual de acompanhamento ao Covid-19, aberto pelo Comitê em Divinópolis no dia 18 do mesmo mês e aprovado na cidade no dia 22. A liminar determina a continuidade do recesso às aulas presenciais na rede de ensino. Diante disso, a presidente expressou a recepção da decisão pela entidade.

“O Sinpro entendeu essa decisão como precipitada e que é uma desobediência a uma decisão judicial. Estamos no final do ano e o resguardo da vida dos professores e professoras, que tanto se desdobraram, além do que já se desdobram, e conseguiram manter o vínculo com os estudantes”, desabafa.

A partir das declarações apresentadas pelo Sindicato, o PORTAL GERAIS entrou em contato com a diretora de vigilância em Saúde de Divinópolis, Janice Soares, que contabilizou o funcionamento de 22 escolas particulares. Ela afirmou que todas as medidas de segurança estão sendo tomadas e a fiscalização tem acontecido periodicamente, através de protocolos semanais e em casos de suspeita ou contaminação pela Covid-19.

“As medidas de segurança estão sendo tomadas sim, o protocolo que as escolas tiveram que cumprir para que a gente permitisse essa reabertura foi um protocolo bem rigoroso, elas estão tomando essas medidas. A vigilância faz uma fiscalização praticamente diária, porque essas escolas precisam notificar para vigilância. No protocolo tem dois links que eles têm que preencher, um é semanal e o outro é sempre quando tem algum caso suspeito ou positivo.” esclareceu.

Segundo a diretora, os casos suspeitos foram notificados e os membros foram afastados e estão cumprindo isolamento, bem como as pessoas que tiveram contato com eles.

“Existem sim muitos casos suspeitos porque a gente está numa situação agora em que tem muita virose, muita gripe, então todo suspeito é afastado e todas as pessoas que testam positivo também são afastadas. Além da pessoa positiva a gente afasta os contatos próximos também.” completou.

Por outro lado, Janice explica que estar inserido no contexto escolar não é um fator determinante para ter contato com o vírus.

“A gente está tendo um aumento independente da pessoa estar indo dar aula ou estar frequentando aula ou não. Nós estamos vendo muita gente contaminando agora”, explicou.

Ela salienta que as instituições não são a maior preocupação.

“O que não está controlado são as festas, os bares à noite, isso realmente não está controlado. A gente vê um volume de pessoas enorme nas ruas sem máscara, bebendo bebida alcóolica, aglomerando, não mantendo o distanciamento e isso tem favorecido sim o aumento no número de casos assustadores”, reconheceu.

Além do monitoramento nas escolas, os hospitais também estão sendo fiscalizados, principalmente na ala infantil.

“Estamos também monitorando os hospitais principalmente as internações infantis, nós tivemos dois casos de crianças de Divinópolis internadas, porém são crianças que não retornaram às aulas, então não tem nada a ver com o retorno escolar e a maioria das crianças que estão internadas aqui hoje são de outros municípios e aí eu não sei te dizer como que está a situação escolar em outros municípios”, finalizou.