Sousa diz que trabalhos serão iniciados após revisão dos membros: “Por que o MDB tem 40% de votos e o partido do prefeito não tem nenhum?”

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará os gastos com Educação, em Divinópolis (MG), está nas mãos do líder do governo Edsom Sousa (CDN). Ele condicionou, nesta quinta-feira (21/4), o início dos trabalhos à revisão das nomeações dos membros. Ele alega desproporcionalidade partidária.

Como vereador mais velho, cabe a Sousa convocar os membros para definir as funções (presidente, relator, secretário) e, assim, iniciar os trabalhos. Entretanto, o parlamentar diz que há desproporcionalidade com a nomeação de dois membros do MDB.

Essa é a segunda vez que o edil questiona a proporção de partidos. Na primeira formação, o vereador Josafá Anderson (Cidadania) havia sido nomeado. Com o questionamento, ele foi retirado e a vereadora Lohanna França (PV) indicada.

“Fizemos um acordo de que vamos instalar e no máximo em 60 dias vamos apresentar o relatório. Mas, enquanto a CPI estiver irregular, porque o MDB tem 40% dos membros, eu não vou instalar. Vou instalar baseado no regimento interno”, afirma Sousa.

Também líder do Executivo, ele indaga a ausência de membros do PSC, partido do prefeito Gleidson Azevedo e que tem três cadeiras na câmara.

“Por que o PV tem membro lá, e o PSC que junto com o PV é o maior partido da câmara não tem nenhum representante? Por que é o partido do prefeito? A proporcionalidade é matemática”, questiona.

O edil diz que há interesse em instalar a comissão para apuração dos fatos, mas apenas com a proporcionalidade.

“Queremos que a CPI seja instalada, apurado os fatos, mas com transparência. Por que o MDB tem 40% de votos e o partido do prefeito não tem nenhum? Por que o PSC está sendo discriminado?”, provoca.

Sousa cita o artigo 86 do Regimento Interno que diz: “Na constituição das comissões é assegurada, tanto quanto possível, a participação proporcional das bancadas ou dos blocos parlamentares”.

Integram a comissão Ademir Silva (MDB) como autor do pedido e Hilton de Aguiar do mesmo partido. Além deles, Edsom Sousa, Lohanna França e Flávio Marra (Patriota). A maior parte tem adotado um tom de oposição ao governo.

“Risco de vida”

A declaração do autor do pedido da CPI, Ademir Silva feita em entrevista ao programa SEM CORTES do PORTAL GERAIS, nesta quarta-feira (20/4), também gerou preocupação ao líder do governo. Questionado sobre as irregularidades nos gastos da educação, o parlamentar disse o seguinte:

“Não posso falar sobre isso agora, pois isso vai aparecer na CPI e envolve muita coisa grossa, perigosa, que a gente fica até assim, achando que às vezes pode até correr risco de vida ou ser injusto com alguma empresa ou pessoa. Então, não quero correr desse risco”.

Como membro da Comissão de Segurança Pública, Turismo e Defesa Civil, Edsom Sousa disse ter feito contato com o presidente da câmara, Eduardo Print Jr (PSDB) para que a situação seja averiguada.
“Quem ameaçou ele, onde, como e de que forma?”, dispara Sousa.

Irregularidades

Ademir Silva denunciou os gastos feitos pelo município, principalmente, na reta final do ano passado. Os recursos foram aplicados na compra de mobiliários e também notebooks para as escolas e sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Para as aquisições, o município aderiu a ata de registro de preços de outros municípios.
O vereador aponta indícios de superfaturamento nos produtos comprados, por exemplo, cerca de 500 notebooks por R$ 4 mil cada com custo de mercado de aproximadamente R$ 2,5 mil.

Além de Divinópolis, caso haja comprovação de preços acima do mercado, também envolve outras cidades.

Uma das atas a que Divinópolis aderiu foi a da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) que envolveu vários Estados do país.

Silva também aponta falta de gestão, já que o dinheiro, segundo ele, poderia ter sido aplicado ao longo do ano com outras urgências, como reformas.

Assista a entrevista completa:

 

A secretária de Educação Andreia Dimas também falou sobre o assunto ao PORTAL GERAIS. Ela negou irregularidades.