Muito já foi dito sobre as mudanças que as novas tecnologias comunicacionais trouxeram para o relacionamento humano, pela busca de informações e também para o mercado de trabalho. Para o jornalismo, em especial, as mudanças nessas áreas afetaram drasticamente a profissão e criaram novas diretrizes que ainda estão sendo definidas, gerando uma mudança que ainda não terminou.

 

Porém, mesmo em meio a esse turbilhão de mudanças e novos comportamentos, uma definição já se tornou unanimidade entre vários estudiosos da web: a credibilidade jornalística será fator primordial num futuro (acredito eu, não muito distante) para garantir quem irá sobreviver.

 

Vivemos uma era em que a informação já não é mais um privilégio de poucos. A internet abriu uma comporta para um volume infinito de informações. O risco está em saber o que é e o que não é verdade nesse universo. É aí que a credibilidade será um fator para que o internauta comece a considerar a veracidade do fato.

 

As mídias que migrarem para (ou surgirem na) internet, terão que trabalhar na construção constante de uma identidade forte: informações fornecidas rapidamente, com qualidade e, o mais importante, verdadeiras. Essa identidade, que só é construída com o tempo, reflete em um imagem positiva para os internautas e assim, uma alta reputação que é levada em conta na hora de procurar notícias, assim como os investidores levarão em conta para saber onde investir.

 

Os grupos Folha e Estadão são dois excelentes exemplos para trata desse assunto, porque construíram no impresso a credibilidade que migrou para a versão digital. Com a previsão de que a plataforma digital será a principal fonte de informação, quem souber lidar com a construção da credibilidade, terá seu diferencial num mercado extremamente saturado.

 

Mas além da credibilidade da mídia, os jornalistas também carregam consigo as suas credibilidades e num mundo onde não há mais distinções entre o pessoal e o profissional, essa reputação diz muito e pode repercutir de maneiras inusitadas para os mais descuidados, ou servir de um trampolim para quem quer chamar a atenção.

 

Exemplos? O jornalismo de ostentação já não é novidade. Sabe aquele amigo seu que adora postar selfie na viagem do final de semana, da balada na sexta ou do almoço de terça? Pois é, a ideia é a mesma, mas no caso do jornalismo, o selfie é da entrevista que vai ao ar daqui há dois dias, do trabalho de edição na redação na quarta à noite ou tietagem com a celebridade do momento. Informação? Não. Ostentação mesmo.

 

Mas o alcance da credibilidade do jornalista no meio digital é algo muito mais profundo. Há aqueles que aproveitam do respaldo da mídia em que trabalham e passam a apontar problemas e fazer críticas contra a administração (municipal, estadual ou federal). Adotam posturas sarcásticas e bradam que praticam um jornalismo cívico, quando na verdade, costumam estar cumprindo determinações editorais para atacar a dita administração ou estão seguindo seus “ideais” políticos oposicionistas.

 

Outros buscam criar polêmicas, fazendo valer a credibilidade conquistada há anos. Escolhem temas controversos e divulgam posts em redes sociais justamente buscando criar discussões (ainda que sejam irrelevantes), mas que ele, o jornalista, esteja em evidência.

 

E entre essa fauna exótica dos jornalistas digitais, há ainda aqueles que não pensam antes de falar. Nesse caso, antes de postar. Problemas pessoais, críticas à empresas ou desabafos contras desafetos, são exemplos de publicações que podem gerar muito mais problemas do que resultados positivos. A declaração de jornalista geralmente tem mais relevância do que a declaração de uma pessoa qualquer. E não adianta tentar argumentar que o post foi do cidadão x e não do jornalista x, porque nessa era pós moderna, somos todos fragmentados, mas somos apenas um, indiferente de quantos perfis temos no Facebook.

 

Logo, o ideal é ter o máximo de certeza (e bom senso) antes de publicar uma crítica ou algo do gênero nas redes sociais virtuais e, ainda assim, tais críticas devem ser muito bem estruturadas e com bons argumentos. Construir uma boa reputação leva anos, mas destruí-la leva apenas alguns cliques. E uma dica: com o advento da internet, muitos profissionais se esqueceram do tête-à-tête, que costuma ser mais discreto e as vezes, pode resolver tudo de maneira mais simples e positiva para todos.