A mãe do menino que tem espectro autista registrou boletim de ocorrência e ouviu da direção que o local era “mais fresco”
Funcionários de uma creche municipal de Pains (MG) colocaram um menino de dois anos com espectro autista para dormir no banheiro. A mãe de um coleguinha flagrou o caso, tirou uma foto, e a mostrou para a mãe do menino.
O caso aconteceu no dia 30 de outubro na Escola José Maria da Fonseca. Na época, a direção da instituição chamou a mãe da criança para antecipar-se à repercussão e relatou o ocorrido. A justificativa era de que o local era “mais fresco”.
“Que outras crianças iam incomodar ele, que o banheiro estava desativado. Mas não é verdade.”, conta a mãe do menino, Milene Milheiro.
A direção disse ainda que, resolveu chama-la porque duas monitoras estavam ameaçando a instituição com o vídeo feito do menino dormindo. Que elas estavam agindo de má fé. Ambas não trabalham mais na escola, sendo afastadas por outros motivos. Porém, a direção não informou a causa do afastamento à mãe.
Diante das justificativas da escola, embora, assustada, a mãe não tomou nenhuma medida.
“Sou uma pessoa muito simples, fiquei sem saber. Me mostraram um banheiro sem nada, que não era usado. Até que a mãe de um coleguinha me mostrou a foto na semana passada. E não é bem assim como falaram. O banheiro não estava desativado”, explica.
A foto
Milene resolveu registrar Boletim de Ocorrência após receber a foto de outra mãe na segunda-feira (4/12).
“Ela me contou que foi automático. Que estava com o celular na mão e quando viu já tirou a foto. A mulher que estava lá, então, já falou que ela não poderia ficar ali e expulsou ela”, conta.
Agora, ela quer que o caso seja apurado para as devidas responsabilizações. A escola não citou nomes de quem colocou o menino na cama portátil dentro do banheiro. Na foto aparecem outras camas portáteis armazenadas no local.
“Quero que apure, porque isso é crime. Eu não sei bem mais o que fazer. Estou muito triste, ficando doente com tudo isso (…) “Gostaria que não acontecesse com ninguém. É muito constrangimento, humilhação. Quero que tenha um local melhor para as crianças, com um acesso melhor, câmeras na sala, porque não tem nada para a gente acompanhar”, afirma.
Milene tirou o filho da escola e já o matriculou em outra, também da rede municipal. Contudo, a vaga é para 2024, quando inicia o novo ano letivo. Até lá, ela pediu afastamento do trabalho para poder dedicar-se ao filho.
Apuração
A prefeitura de Pains, em comunicado oficial no dia 8 de dezembro, informou que a Secretaria Municipal de Educação está tomando todas as providências necessárias para a apuração do caso.