Vira e mexe alguns vereadores de Divinópolis gastam o tempo de pronunciamento nas reuniões ordinárias para criticar colegas que, segundo eles, “fazem vídeos demais”. Os reclamantes alegam que a função dos pares é a de fiscalizar as ações do Executivo – e não de ficarem se autopromovendo o tempo todo.

Quando observamos quem são os vereadores que fazem essa crítica, notamos que são pessoas na casa dos 40 anos ou mais de idade. Quando acessamos as páginas desses mesmos vereadores nas mídias sociais, vemos que quase não há vídeos por lá. Dentre os poucos que existem, é fácil perceber que quase nunca são gravados por eles próprios (porque não adotam o formato de selfie (bastante usado pelos mais novos)) e quase sempre são editados e publicados por outras pessoas, porque claramente esses vereadores não dominam a técnica de produção audiovisual.

Todo político sabe que publicar vídeos mostrando problemas, prometendo soluções e mostrando resultados gera grandes audiências e, consequentemente, votações. Basta observar, por exemplo, o caso de Cleitinho Azevedo (Cidadania), que há anos publica vídeos com frequência quase que diária. O engajamento virtual construído contribuiu muito para que fosse eleito vereador em 2016, com expressiva votação (3.023 votos). A continuidade na publicação de vídeos com cobranças e resultados ao longo do primeiro mandato dele contribuiu para que fosse eleito para o Legislativo mineiro em 2018 (com 115.492 votos). O agora deputado estadual segue com seu jeito videomaker de ser.

Na mesma toada, com constantes publicações de vídeos, dois irmãos dele também foram eleitos nas eleições de 2020. Gleidson Azevedo (PSC) virou prefeito de Divinópolis (com 38.566 votos) e Eduardo Azevedo (PSC) está agora na Câmara (teve 4.249 votos). Todos gravam e publicam vídeos sobre quase tudo. Com isso eles mostram que têm trabalhado e fazem com que seus projetos de poder alcancem cada vez mais gente.

Outro bom exemplo é o de Lohanna França (Cidadania), vereadora mais votada de todos os tempos em Divinópolis (5.462 votos nas eleições de 2020). Ao longo de toda a campanha ela postou muitos vídeos mostrando problemas da cidade e as propostas dela para resolvê-los. Eleita, segue bastante ativa nas cobranças ao Executivo e divulgações de seus resultados.

Quem diz que esses políticos gravam muitos vídeos não está errado. Mas está claramente despeitado pelo resultado positivo (e legítimo) que seus pares conseguem com vídeos na internet. As velhas raposas que vão a público dizer que as uvas estão verdes depois de não conseguirem alcançá-las deveriam, isto sim, canalizar suas energias para fiscalizar o Executivo (e não o próprio Legislativo, como tentam fazer nesses pronunciamentos) e mostrar à população, da forma como preferirem, que a qualidade do serviço público prestado por elas independe da quantidade de visualizações que têm na internet.

Se continuarem atacando gratuitamente os colegas por tirarem proveito legítimo das capacidades que têm, esses reclamões entrarão para a história como invejosos, recalcados e carcomidos. Porque a gravação e a publicação em vídeo dos pronunciamentos na Câmara eles não podem evitar.