O roteiro para a festa do título brasileiro foi cumprido à risca pelo Cruzeiro, que bateu o Grêmio com autoridade por 3 a 0 e fez sua parte para levantar a taça já neste domingo. O problema é que o Atlético-PR, vice-líder, também fez a dele, e adiou a conquista ao ganhar do São Paulo por 3 a 0.

 

Com os dois triunfos, a diferença entre Cruzeiro e Atlético-PR permanece em 13 pontos, com cinco rodadas e 15 pontos em disputa. A chance de uma reviravolta é pequena, mas suficiente para manter o grito de “tricampeão” entalado na conquista do torcedor celeste, que soma a Taça Brasil de 1966 ao Brasileiro conquistado em 2004.

 

“Frustração”, porém, talvez não seja a palavra ideal para definir a tarde dos 58.113 cruzeirenses que foram ao Mineirão. Quem foi ver a festa viu “só” o time de Marcelo Oliveira repetir as qualidades que o levaram ao posto de virtual campeão brasileiro.

Com um meio-campo ágil e habilidoso comandado por Éverton Ribeiro, o Cruzeiro aproveitou a vocação defensiva do Grêmio e encurralou os gaúchos em seu campo de defesa. Os três zagueiros e os três volantes de Renato Gaúcho passaram a maior parte do primeiro tempo tentando afastar a bola na base dos chutões, enquanto os cruzeirenses se movimentavam e abriam espaços no ferrolho tricolor.

 

Dono do jogo, o Cruzeiro assustou com uma batida de longe de Dagoberto e uma chute desequilibrado de Borges, que completou mal uma linda jogada de Éverton Ribeiro. O camisa 9 se redimiria aos 33 minutos. Em uma bola alçada na área, Werley afastou mal e ela ficou no ar, entre ele e Borges. O atacante, esperto, emendou um voleio acrobático e mandou no canto esquerdo de Dida, que, mal posicionado, não evitou o gol cruzeirense.

 

O 1 a 0 garantiria o título se, a essa altura, o Atlético-PR já não estivesse fazendo 2 a 0 no São Paulo, na Vila Capanema. Mesmo assim, a vantagem animou os cruzeirenses, que mantiveram o domínio e a busca pelo segundo gol. Aos 45 minutos, por exemplo, Everton Ribeiro fez fila na entrada da área e só não foi mais longe porque foi derrubado pelos zagueiros gremistas, em lance ignorado pela arbitragem.

 

Do outro lado, Fábio foi pouco acionado, mas quando teve de intervir, o fez com excelência. Ainda no primeiro tempo, ele usou toda sua elasticidade para buscar no canto um chute forte de Ramiro, da entrada da área. Na etapa final, ele repetiu a dose em um chute de Barcos, que pouco antes já havia acertado a trave.

 

Foram os arroubos de ofensividade de um Grêmio que dava muito espaço ao Cruzeiro, mesmo nos momentos mais desanimados do time mineiro, que pareceu sentir quando o Atlético-PR fez 3 a 0 no São Paulo. Para ampliar, foi preciso que Willian entrasse em campo. Depois de um lateral, aos 34 minutos, o atacante bateu firme e ampliou.

 

Com o Grêmio entregue, o Cruzeiro aproveitou. Ao som de “tricampeão”, o time mineiro aumentou a pressão e chegou ao 3 a 0 aos 40 minutos, com Ricardo Goulart completando um cruzamento de Willian.

 

Agora, a chance de título fica para a próxima quarta, contra o Vitória, em Salvador, ou diante da Ponte Preta, em Varginha, por conta da punição imposta pelo STJD. Além de perder a festa com a torcida, o Cruzeiro ainda perderá o direito de ser o campeão com maior antecedência na história dos pontos corridos. Daqui em diante, ele só poderá igualar o São Paulo, que em 2007 levantou a taça a quatro rodadas do fim do Brasileiro.

 

Fonte: Uol