Rodrigo Dias

Nós somos engraçados mesmo. Quando alguém nos elogia por algum bom trabalho ou ação realizada, a primeira reação, e não podia ser mesmo diferente, é ter o ego estimulado pelo elogio.

É necessário, de fato, ter essa recompensa emocional. Esta sensação de reconhecimento é válida e necessária, mas, como tudo, tem seu início e fim. Se prender aos elogios ou fazer de tudo para que eles ocorram pode cegar o indivíduo e fazer com que desvie do objetivo.

Elogios e reconhecimentos devem ser conseqüência e não o foco principal de uma determinada ação ou empreitada. A recompensa maior estaria, exatamente, na realização do que se ambiciona e na superação de todos os desafios que se postam à nossa frente.

Cada um carrega a sua verdade e o seu talento, que devem ser utilizados para o crescimento pessoal e, também, para marcar nossa estada aqui. O que significa deixar lastro que impacte, positivamente, o meio que nos circunda. Independente, aí, se esse meio é sua família, bairro, trabalho, cidade ou o mundo todo.

Cada um tem sua forma de contribuir e cada contribuição que soma é do bem. Sendo assim, fará diferença. Ter um ego superinflado descaracteriza a intenção original. A vaidade e a soberba impedem que o que é bom prevaleça e cumpra seu papel.

Manter-se vigilante às tentações do nosso próprio ego é um exercício diário e requer complacência consigo mesmo. Em tempos de concorrências tão exacerbadas, o egocentrismo virou ideologia.

Eu sou foda e me basto. Os outros que orbitem em torno de mim. É assim que muitos astros, esportistas, políticos e outras personalidades se sentem. Induzem uma parcela significativa das pessoas ao mesmo erro.

O elogio sincero é partilha. O ego, massageado na medida certa, é algo que faz bem a qualquer criatura. Tudo no seu ponto se reverte em estímulo e combustível para que as pessoas continuem suas caminhadas. Não para receber apenas elogios, mas por entender que existem pessoas que reconhecem seu esforço e partilham do mesmo ideal. Isto edifica.

É nesse último aspecto que agradeço ao Movimento Unificado Negro de Divinópolis/MG e à Câmara de Vereadores pela deferência em me conceder a comenda da Consciência Negra 2014.

Tenho comigo que a lembrança valoriza o pouco que foi possível fazer até aqui, mas, sobretudo, me dá a obrigação de continuar num bom caminho. E, a minha maneira, continuar contribuindo com essa temática que nunca sairá da ordem do dia.

A todos os envolvidos com a Comenda da Consciência Negra 2014, o meu muito obrigado pela distinção e pelo voto de confiança.