Deputada denuncia prefeito de Divinópolis por publicidade de suplemento em prédio público

Política
Por -15/07/2025, às 15H21julho 17th, 2025
prefeito de divinópolis monjaslim
Foto: Reprodução Redes Sociais e Print do monjaslim.site

Vídeo gravado por Gleidson Azevedo promove produto e pode configurar improbidade administrativa, aponta denúncia

A deputada estadual Lohanna França apresentou uma notícia de fato ao Ministério Público de Minas Gerais solicitando a apuração da conduta do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo, por promover publicamente o produto “MonjaSlim”, ao que parece, dentro das dependências da sede do Executivo municipal. O vídeo, que circula nas redes sociais e na página oficial de venda do suplemento, mostra o prefeito exaltando os supostos efeitos do produto em tom empolgado e pessoal, o que, segundo a denúncia, pode configurar uso indevido da máquina pública.

“Tem muita gente perguntando: Oh prefeito, você emagreceu demais, você está usando Ozempic, está usando Monjaro? Ninguém vê a hora que a gente acorda e faz as atividades físicas, mas o que me ajudou muito a emagracer foi esse suplemento aqui, o Monjaslim que é um suplemento 100% natural”, afirma o prefeito de Divinópolis no vídeo.

A parlamentar argumenta que a gravação ocorreu com os símbolos oficiais ao fundo, as bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e do município. Assim, conferindo aparência institucional à propaganda. O material também foi utilizado como peça promocional no site de venda do produto, reforçando o caráter publicitário com chancela pública.

Deputada questiona legalidade do conteúdo

Na denúncia, Lohanna afirma que o uso da estrutura física da Prefeitura, bem como da imagem do prefeito para promover um produto comercial recém-lançado pode violar princípios constitucionais como impessoalidade, moralidade, publicidade e legalidade.

A empresa responsável pela comercialização do “MonjaSlim”, segundo o documento, foi criada dias antes da divulgação da gravação. Para ela, isso levanta suspeitas adicionais sobre favorecimento e uso do cargo público para beneficiar interesses privados.

A parlamentar também destaca que não há comprovação de autorização da Anvisa para o uso do produto como suplemento ou medicamento. Conforme a Notícia de Fato, isso agrava a situação ao associar uma figura pública à recomendação de uma substância não reconhecida oficialmente.

“Solicitaremos ao Ministério Público que averigue possível irregularidade na conduta do prefeito de Divinópolis, que, ao promover publicidade de medicamento não reconhecido oficialmente dentro das dependências da Prefeitura, pode ter incorrido em violação aos princípios que regem a administração pública.”

Pedido inclui apuração sanitária e vínculo institucional

No pedido encaminhado ao Ministério Público, Lohanna solicita que a Promotoria, então, apure:

  • Se houve autorização institucional para a gravação;
  • Se existe vínculo contratual ou publicitário entre a Prefeitura e a empresa do produto;
  • Se o “MonjaSlim” possui registro válido junto à Anvisa ou à Vigilância Sanitária;
  • E se a conduta configura improbidade administrativa por promoção pessoal indevida e desvio de finalidade.

A denúncia ainda ressalta que a aparição pública do prefeito vinculada a um produto comercial pode induzir a erro a população. Isso, especialmente ao associar sua autoridade à eficácia do suplemento.

A reportagem do PORTAL GERAIS encontrou em contato com a prefeitura de Divinópolis. A assessoria de comunicação informou que até o momento não houve nenhuma notificação a respeito da Notícia de Fato. Informou que, caso o município receba algo, será direcionado ao cunho pessoal do prefeito. Portanto, o contato deve ser realizado junto à assessoria direta dele.

A reportagem pediu uma posição à assessoria direta de Gleidson Azevedo e aguarda retorno.

A empresa retirou o vídeo do prefeito que estava disponível no site monjaslim.site após a repercussão do caso. O influenciador Guga Figueiredo revelou também o uso de depoimentos falsos, bem como imagens de antes e depois atribuídas ao resultado do produto. O vídeo em questão, também não está mais no ar.

O que diz a MonjaSlim

Em nota, a marca MonjaSlim informou se tratar de um projeto de iniciativa privada, sem vínculo institucional com empresas públicas, órgãos políticos, assim como com representantes oficiais.

Afirmou que as vendas do produto começaram exclusivamente na região de Divinópolis há menos de 15 dias, em pequena escala, e segue em fase de estruturação da comunicação e operação.

Sobre os vídeos citados (incluindo o do prefeito):

A empresa informou que retirou todos temporariamente por orientação jurídica, como forma de revisão preventiva diante da repercussão local e regional.

“Por responsabilidade em evitar interpretações distorcidas, especialmente envolvendo nomes públicos”, esclareceu.

Sobre os depoimentos veiculados, disse que todos os vídeos se baseiam em relatos reais de consumidores, que enviaram feedbacks espontâneos após o uso. Alguns desses relatos receberam adaptação e dramatização, com nomes e rostos protegidos.

“Seguindo práticas comuns no marketing de produtos de saúde e bem-estar, com o objetivo de resguardar a privacidade dos usuários reais”, alegou.

Em nenhum momento, conforme a marca, “houve a intenção de enganar o consumidor”. “A narrativa utilizada é legítima, emocional e baseada em histórias autênticas, sem comprometer a verdade dos efeitos relatados.”, justificou.

A nota segue dizendo que, “a produção do suplemento ocorre em indústria terceirizada devidamente regularizada pela Anvisa, dentro das exigências legais de boas práticas de fabricação. A documentação do protocolo está sendo reavaliada junto à fabricante para apresentação formal.”

“Reforçamos nosso compromisso com a transparência, com o consumidor e com a evolução contínua da marca, que está em plena fase de ajustes e amadurecimento. Continuamos abertos ao diálogo com os veículos de imprensa e autoridades, mantendo respeito total à legislação vigente.”, finalizou.

Matéria atualizada às 20h28 com a nota da marca do suplemento.