Amanda Quintiliano
Desde o início do cristianismo a Quaresma marcou para os cristãos um tempo de oração, penitência e jejum. É como deixar o pecado de lado para se voltar a Deus. É neste período que muita gente abre mão, geralmente, da carne vermelha ou de hábitos que lhe dão prazer: comer chocolate, tomar cerveja. Entretanto, ela deve ir muito além das penitências do “prazer”, afirma Dom José Carlos. O bispo da Diocese de Divinópolis propõe aos fieis que adotem a penitência do “desprazer”.
“Em qual sentido? Eu não converso com fulano de tal, me dá desprazer em conversar com ele. Vou fazer o esforço de conversar mais com ele. Sou desonesto nas minhas contas e isso me causa um certo mal de consciência. Eu vou tentar melhorar. Oferecer a Deus não o resultado ou a privação do meu prazer, mas a privação do meu desprazer. Deixar de fazer uma coisa errada para fazer uma boa”, explica.
“Talvez, essa mudança de perspectiva vai nos ajudar a fazer uma penitência mais correta, aquela que vai nos educar para outro modo de ser”, afirma.
Dom José Carlos afirma que a Quaresma deve ser um tempo privilegiado e favorável. É a época para rever os hábitos, comportamento, a vida e, com a ajuda da palavra de Deus, enxergar que é possível melhorar.
“Podemos não rasgar as vestes, como diz o profeta Joel, mas rasgar o coração e perceber que há posturas erradas, sentimentos errados, ideias erradas, comportamentos pessoais e sociais errados”.
O bispo ainda ressalta a importância de olhar para dentro de si e encontrar caminhos também para ajudar nas melhoras comunitárias e sociais.
“Quaresma é tempo de mudar a face ruim […] Não podemos cair numa prática hipócrita onde não como a carne hoje para comer amanhã. Não como na Quaresma e vou juntando no refrigerador para fazer um churrascão na semana pascal”, conclui.