Cada sacerdote deverá decidir sobre o retorno gradativos das celebrações em diálogo com as autoridades sanitárias do município
A Diocese de Divinópolis emitiu, neste domingo (21), orientações para as 25 paróquias sobre a Covid-19 e a flexibilização em alguns municípios para reabertura das igrejas. Em Divinópolis, as celebrações serão retomadas a partir do dia 26 de junho. De acordo como decreto municipal elas poderão ocorrer entre sexta e domingo.
Leia as orientações na íntegra:
“Em meados de junho, quando passaram a valer estas nossas orientações, chegamos a três meses de completo fechamento das Igrejas e suspensão da atividade litúrgica em todo o território diocesano. Os municípios da Diocese vão decretando agora novas normativas em vista de suas situações específicas. Até aqui mantivemos uma bela comunhão diocesana, e agradeço imensamente a todos por isso. Agora, torna-se difícil e injusto manter o mesmo direcionamento para as 25 cidades que compõem nossa Diocese. Sabemos que os decretos municipais podem ser revogados ou modificados a qualquer momento após suas promulgações, e haveremos, nesta circunstância, de retroagir igualmente, respeitando e colaborando com os processos que garantam e promovam a saúde pública.
Portanto, cada sacerdote na sua paróquia, em diálogo com as autoridades sanitárias do município, decida sobre o retorno gradativo e possível das celebrações nas Igrejas, no tempo que achar oportuno, após a data estabelecida aqui. Importante e necessário que as cidades que têm mais de uma paróquia tomem decisões comuns, para evitar confronto e deslocamento de pessoas de uma paróquia a outra. Os padres e paróquias estejam atentos às situações de agravamento do quadro de contágio que obriguem a novo fechamento, mesmo que as autoridades municipais insistam em continuar. Temo pelo aumento dos casos, como aconteceu em lugares onde as celebrações foram liberadas e tiveram que ser suspensas novamente. Mas, com temor, decidimos experimentar aqui a reabertura possível e permitida. Contudo, não nos esqueçamos de que nosso compromisso com a vida deve ter primazia maior do que aquela dada pelas políticas e agentes públicos. O retorno de agora deve se ater a todas e a cada uma das exigências sanitárias que o momento exige e que os decretos municipais estabelecem. Cada paróquia torna-se responsável pela seriedade e firmeza na aplicação das medidas de proteção dos fiéis na sua paróquia. E só recomecem depois de terem organizado todos os meios que favoreçam a proteção dos fiéis.
Assim, tendo apresentado esta matéria numa reunião do Colégio de Consultores, decidimos que, a partir do dia 15 de junho, segunda-feira, podendo haver de nossa parte também revogação do que ora determinamos, ficam estabelecidas estas novas diretrizes que seguem, para as cidades onde houve ou houver permissão para a atividade religiosa, e tão somente para estas cidades. Onde ainda se mantenham as restrições e proibições municipais, elas sejam mantidas pelas paróquias, em sintonia e parceira permanentes com os comitês municipais de enfrentamento da COVID 19.
1 – A orientação primária é: FIQUE EM CASA! A flexibilização dos vários segmentos não significa fim da pandemia ou pleno relaxamento do cuidado e da prevenção. Estamos ainda em movimento de crescimento do contágio e das mortes. O mais seguro e mais sensato é evitar toda e qualquer aglomeração de pessoas.
2 – Nos municípios onde haja permissão para o retorno da atividade religiosa litúrgica (Eucaristia e Palavra), que ela retorne, nas condições, restrições e proporções em que foi estabelecida pelas autoridades municipais.
3- Não se extrapole, sob nenhum pretexto, o número de pessoas e o tempo permitidos para cada celebração.
4- Que as celebrações se multipliquem, se necessário; assim mais pessoas poderão participar.
5- Que não se retomem ainda as celebrações presenciais diárias (apenas alguns dias, se permitidos), mas dê-se maior atenção e se multipliquem as celebrações da liturgia dominical (sábado, à tarde, e domingo).
6- Que haja o uso dos produtos e medidas de proteção e higienização (álcool em gel, máscara, limpeza periódica dos ambientes), delimitações de distância e cuidadosa precaução com o toque (evitar abraço da paz, não dar as mãos, comunhão somente na mão, sem exceções). Quem não se dispuser a utilizar-se destes recursos de proteção não deve participar das celebrações ainda. Aguarde o tempo em que isso não será mais necessário.
7- Que cada paróquia encontre formas de convidar os participantes a cada celebração, zelando pelo bem e pela saúde de todos, não permitindo presença constante de alguns e impossibilidade para outros que também estejam em condições e queiram participar.
8- O número permitido de participantes às celebrações da Eucaristia e da Palavra pode ser considerado também, caso aconteçam, para as celebrações de Batismo e Matrimônio.
9- A retomada das atividades religiosas refere-se tão somente a celebrações litúrgicas, não de reuniões, encontros, catequese e outras atividades.
10- Haja a suspensão imediata de todas as atividades litúrgicas se assim determinarem as autoridades municipais, por possível agravamento da situação da pandemia.
11- Cada sacerdote deixe claro aos fiéis que tomam parte nas celebrações dos possíveis riscos de contaminação, eximindo assim qualquer responsabilidade da parte da Igreja. Em alguns lugares, há um termo de responsabilidade que o fiel deve assinar, a pedido dos comitês municipais de enfrentamento da pandemia. Assim teremos como avisar aos que estavam naquela celebração sobre sintomas que aparecerem proximamente em alguém que participou dela, exigindo assim a atenção dos demais presentes.
12- Verificar em cada município e paróquia a possibilidade de se levar a Sagrada Comunhão aos doentes e idosos em casa ou nos centros de saúde e aos que cuidam deles, garantindo-se ao Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística todas as condições e precauções necessárias ao desempenho desta missão. Não antes de um pedido e consentimento das famílias ou cuidadores destes doentes e idosos.
13- Sigam-se atentamente as orientações da CNBB para as celebrações comunitárias no contexto da pandemia, emanadas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, em 21 de maio de 2020.
14- As cidades e paróquias que não podem ainda retomar as atividades religiosas, aguardem que esta determinação seja dada pelos municípios. A decisão primária nesta matéria não é do Bispo Diocesano, mas das autoridades sanitárias. Não optaremos pela desobediência nem por posturas de risco à saúde pública. Os sacerdotes desaconselhem os deslocamentos de pessoas para participar de celebrações em outras paróquias ou cidades.
15- As celebrações online continuem para atender aos fiéis que não possam ou não queiram ainda participar das celebrações presenciais permitidas.
Penso que não haverá um retorno às celebrações ordinárias a pleno público nas Igrejas ainda por um bom tempo. Mas temos que retornar aos poucos. O tempo de fechamento já se estende por demais, mas agora sabemos que há uma pandemia, que ela mata e quais cuidados devemos tomar para evitar o contágio. Agradeço ainda uma vez a presença criativa e fecunda de cada sacerdote na sua paróquia e insisto na volta e na regularidade do atendimento de cada um nas suas comunidades, com as devidas precauções e cautelas, bem como no atendimento emergencial aos doentes e idosos, se solicitados para Confissão domiciliar ou hospitalar e Unção dos Enfermos.
Estas orientações estarão em vigor até o dia 30 de junho, quando a situação da pandemia será avaliada e atualizada, ou até quando os municípios não mandarem o contrário do estabelecido aqui. Se nesta data nada for emanado de nossa parte ou da parte das autoridades municipais, ficam mantidas as orientações até segunda ordem.
A todos desejo paz e saúde do corpo e do espírito!
Divinópolis, 21 de junho de 2020, memória de São Luiz Gonzaga (falecido aos 23 anos cuidando de doentes na epidemia que atingiu Roma em 1590).”