Times mineiros atraem olhares de todo o país
Cruzeiro e Atlético se enfrentam hoje

Rodrigo Dias

Hoje não é 12 de junho, mas é o dia dos apaixonados. Minas está apreensiva e dividida, numa final histórica em uma competição nacional que envolve seus dois maiores clubes: Cruzeiro e Atlético.

O que já é um fato histórico, tem todos os ingredientes para se tornar um evento épico. Queiram os jogadores, as torcidas e todo o resto que envolve essa partida, que possa ser lembrada, daqui a anos, pelo seu bom futebol.

Com o mesmo peso da política, quando o candidato tucano perdeu aqui a eleição para a Presidência do Brasil por duas vezes, o futebol volta a colocar o Estado na ordem do dia nos principais veículos de comunicação e nas rodas de conversa Brasil afora; bom registrar que esta é a segunda vez no ano, já que a primeira foi a humilhação sofrida pela Seleção Brasileira, nos 7X1 que levou da Alemanha na Copa do Mundo.

Meio a contragosto de alguns, Minas Gerais reivindicou o seu papel de protagonista no cenário nacional e tem se dado muito bem. Essa coisa de eixo Rio/São Paulo já deu, e é bom ver que há vida além dessa ponte aérea.

O Brasil é um gigante, em vários aspectos, e não deve ser refém de dois estados que ditam a “moda” para o restante do país. Uma mídia caseira que impõe os jeitos paulista e carioca de ser, em detrimento de outros elementos culturais, sociais e esportivos, que são tão importantes como os contidos naqueles dois estados.

Este ano, política e futebol se constituíram indicativos importantes para entender como anda o interesse desse novo Brasil que exige ser cada vez mais plural e que cobra dos tradicionais centros de poder uma atenção mais compartilhada.

Não dá para playboy, por exemplo, sair falando mal do Nordeste e achar que fica por isso mesmo. Como se o ofendido, no caso o povo, ficasse inerte frente ao descaso. Não, isso não cola e não rola mais.

Todos querem respeito e ter suas raízes valorizadas na composição do Brasil, que só é o que é pelo caráter multifacetado do seu povo. São vários países dentro de um só. Respeitar as características particulares de cada Estado é, de fato, levar a sério essa nação.

É sadio que sejam apresentados, sempre, novos protagonistas da história nacional. E um dos papeis de um bom governo é estimular, justamente, esse aparecimento. Principalmente nas regiões consideradas mais desafortunadas e que, em boa parte das vezes, herdam um papel de caricatura. Sem conter, portanto, expressão com relevância no cenário nacional.

Por mais simples que possa ser a questão há sempre um discurso “político” que a permeia ou está encerrado nela. Fechar os olhos a essa situação, se não for ignorância no mínimo é uma forma de subestimar o que é apresentado.

Nesse contexto, o clássico entre Cruzeiro e Atlético dentro da Copa do Brasil tem muito mais a apresentar do que só futebol. Os olhos do Brasil estão voltados para Minas, e Minas tem dito muito.

 jornalistarodrigodias@bol.com.br