Por Rodrigo Dias
Sempre gostei do abstrato. Do que parece ser, mas não é. Do sentido escondido além da forma ou fórmula. O abstrato é desajustado e nele cabe uma gama de interpretações.
Não estar acabado é ficar aberto a outras conclusões. Basta um olhar a mais de outro ponto e pronto! O que antes era, já não é mais. Não se trata de um jogo de esconde-esconde, mas de serem possibilidades.
Num mundo caótico e intolerante, o abstrato se faz importante. Ele não tem amarras, e por ser assim permite o diferente. O que é irregular, mas certo.
O abstrato é altivo e não se apega a padrões. Pode inaugurar um novo estilo de ser, como pode apenas ser… Na sua simplicidade, ingenuidade. Não estar obrigado é fazer por querer, por agrado.
Se Deus é abstrato? Não sei. A certeza é que DEUS É…
Nele se resume tudo. Ele é convergência e criação.
Talvez seja isto:
O pensar em Deus é abstrato. Este pensar não se encerra. Cabem inúmeras interpretações, ilações e conclusões. Se Deus na sua abstração é ultra pós-moderno – sempre à frente dos tempos (presentes e futuros) – nós somos pedra que um dia aprenderá a andar e formar montes.
Abstraio agora, não me apego.
Mente vagueia. Quer sentir o sentido. Solver da molécula o agitado átomo. Porção ínfima e essencial de qualquer matéria.
Abstração é filtro que apura os sentidos. Apura a razão, pois faz o indivíduo respirar de outra forma. Abre um terceiro olho mais atento, sensível às variações da luz.
Não é loucura. Trata-se de se enxergar num outro plano.
Os dias frios e úmidos favorecem esse exercício. Como diz a canção do Nando Reis: o inverno é quando a terra aguarda. Temos em nós essa estação.
Aproveite o tempo, abstraia. Fará sentido.