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Conselheiros tutelares fizeram várias reclamações (Foto: Amanda Quintiliano)

Conselheiros reclamam da falta de estrutura e segurança; Vice-prefeita trata declarações como mentirosas.

Conselheiros tutelares de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, denunciaram, nesta quarta-feira (21/2), condições precárias de trabalho. A situação, conforme relatos, tem dificultado a atuação do Conselho Tutelar e colocado em risco os profissionais. Assim como a estrutura, a falta de condições está prejudicando os plantões noturnos e os finais de semana.

Os problemas se evidenciaram após o início dos trabalhos dos membros do segundo Conselho Tutelar. Atuando desde o dia 10 de janeiro deste ano, eles alegam que não tinham equipamentos que viabilizassem os plantões, por exemplo, telefone e carro.

No dia seis de fevereiro, o juiz da Vara da Infância e Juventude solicitou informações sobre escalas, telefones de contato e outras questões relacionadas ao funcionamento do Conselho Tutelar. Contudo, os conselheiros alegam que até a data não tinham nada definido por falta de condições para executar o trabalho.

Três dias depois, os profissionais iniciaram os plantões. Afirmaram que não começaram antes porque, além da falta de estrutura, o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA) não publicou o Regimento Interno. Este estabelece todo o funcionamento do Conselho Tutelar. Diante da urgência, decidiram iniciar os plantões mesmo sem a publicação do documento, que não ocorreu até o momento.

Para se ter ideia, a administração disponibilizou o telefone para o plantão apenas no dia 16 de fevereiro, ou seja, na última sexta-feira.

Falta de segurança no Conselho Tutela de Divinópolis

Eles também não têm motorista para o transporte caso sejam acionados para comparecimento in loco.

“Precisamos acionar uma frota de táxis para nos levar até o local e aguardar a viatura da polícia; se a viatura demorar, somos deixados no local e o taxista vai embora”, explica a conselheira Cecília Neves.

Após concluir o serviço, os profissionais, então, têm duas opções: pegar “carona” com a polícia para retornarem ou acionar um novo táxi e ficar aguardando no local da ocorrência. Contudo, eles temem pela segurança, já que, em alguns casos, correm o risco de chegarem primeiro do que os policiais no local e irem embora quando tiverem encerrado a ocorrência.

Outra preocupação é quanto à disponibilização dos contatos de plantão. A Secretaria Municipal de Governo (Segov) teria orientado a fornecer o número apenas para os órgãos de segurança, como eles acham seguro. Porém, o CMDCA quer que toda a população tenha acesso.

Ferindo autonomia

Os conselheiros também reclamam de interferências da Segov, que tem como secretária a vice-prefeita Janete Aparecida (Avante). O Conselho responde administrativamente à pasta.

“De acordo com o regimento interno, temos autonomia para trabalhar e desenvolver nossas funções, e a administração pública quer intervir nesta atuação, nessa forma de trabalhar, impondo como será nossa escala de trabalho, como será a folga, como serão divididas as salas em que vamos trabalhar, a forma de atendimento ao nosso público, ferindo o nosso Regimento Interno e a própria Constituição Federal”, afirma Alessandra Teles.

O impasse tem deixado o clima tenso entre os conselheiros e a administração. Eles alegam, então, que estão sendo coagidos e ameaçados.

“Estamos sim realizando o plantão. Como eles estão entendendo que há resistência da nossa parte, quando não há, queremos segurança para desenvolver o trabalho, estamos, infelizmente, sendo coagidos, sofrendo ameaças, inclusive ameaçados de sermos exonerados”, denuncia Lucília Lima.

“Esperamos que haja sensibilização. Vamos continuar desenvolvendo o plantão como está na lei, mas precisamos que eles nos ofereçam equipamento, com segurança, telefone, motorista e carro”, cobra.

Reivindicações do Conselho Tutelar de Divinópolis:

  • Mais dois aparelhos celulares;
  • Que os aparelhos sejam smartphones para possibilitar o uso do WhatsApp para recebimento de imagens e denúncias;
  • Motorista para o plantão noturno;
  • Pagamento de vale-transporte e vale-alimentação nas folgas dos plantões, não sendo necessário o pagamento de horas extras;
  • Divulgação do telefone do plantão apenas para os órgãos de segurança;
  • Divisão da nova sede com cinco salas de atendimento, para possibilitar que eles ocorram simultaneamente sem expor as crianças e adolescentes.
  • Autonomia para o desenvolvimento das funções sem interferência da Segov.

O que diz a prefeitura

A secretária de Governo tratou como “mentirosa” a exposição feita pelos conselheiros.

“Fico com vergonha da forma mentirosa que foi tratada a situação”, enfatizou.

Ainda tratou como “uso político”.

“Estamos sendo apedrejados em um uso político o tempo inteiro”, disparou.

Janete afirmou que os únicos que terão acesso aos números dos plantões serão os órgãos de segurança. De acordo com ela, os conselheiros só podem fazer atendimento a uma ocorrência com a presença da polícia militar. Para isso, houve cadastramento dos taxistas previamente.

Sobre a estrutura, afirmou que o segundo conselho está funcionando na sede do primeiro até a inauguração do prédio novo, previsto para o dia 5 de março.

Afirmou que ele está equipado para atender à demanda dos cinco profissionais. Confirmou que ainda não houve a entrega do Kit pelo Governo Federal, contudo, o próprio município se encarregou de fornecer os equipamentos necessários.

Sobre os plantões, ainda disse que, para aqueles que ocorrem durante a semana, o CMDAD definiu que haverá uma folga apenas se houver acionamento do profissional. Conforme Janete, nos finais de semana, cada conselheiro plantonista tem direito a quatro dias, sendo dois pelo sábado e os outros dois pelo domingo.