Divinópolis Divulgação/PMD

Diretor de CTI diz que o uso de máscara é a medida mais eficaz para conter avanço da doença; Cidade enfrentou o pior mês desde o início da pandemia

Divinópolis enfrentou, em janeiro, o pior mês desde o início da pandemia da Covid-19. Todos os indicadores encerraram o primeiro mês do ano com recordes, dentre eles o de mortes e o de novas confirmações da doença. Com 34 óbitos até sexta-feira (29) a média diária é de 1,17.

A média/dia de confirmações subiu de 251 em dezembro para 291 até 29 de janeiro. No último mês do ano, a cidade já havia registrado os piores índices desde março de 2020. Os novos casos saltaram de 46,6 para 58,5, de dezembro para janeiro, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

De março de 2020 até janeiro deste ano, o município registrou 35.345 notificações e 5.633 confirmações, conforme boletim divulgado nesta sexta-feira (29/01).

A média de ocupação hospitalar também colocou a cidade em situação de alerta. As internações em enfermaria passaram de 55 em dezembro, quando havia registrado recorde, para 76 até sexta-feira (29), aumento de 38%. No Centro de Terapia Intensiva (CTI), passou de 45 para 57, elevação de 26%.

Relaxamento das normas

Marcone Lisboa é diretor do CTI do São João de Deus e Santa Lúcia (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o diretor o CTI do Complexo de Saúde São João de Deus e Santa Lúcia, Marcone Lisboa os indicadores de janeiro são reflexo de uma série de afrouxamentos registrados desde novembro, incluindo as festas de final de ano.

“O que aconteceu? Quando começou a reduzir o número de casos, que foi mudando de onda vermelha, para onda amarela, chegando na onda verde, abriu boate, o número de interação social aumentou de forma significativa”, explica.

“A gente sabe que boa parte da população não tem preocupação. Os casos dispararam em dezembro e as consequências vieram na sequência”, afirma.

Uso de máscara

Para Lisboa o uso de máscara é a única ferramenta viável e disponível, neste momento, para conter o avanço da doença, até a imunização em massa da população.

“Tenho certeza absoluta que é o uso de máscaras. A medida que está acessível em nosso país, e até os Estados Unidos que tem muito mais acesso, e tem transmissão alta, é de usar máscara. Se isso acontecer de forma responsável tem um impacto enorme”, afirma.

Nos Estados Unidos foi iniciada uma campanha para uso da proteção por quatro semanas.

Vacinação

Segundo Lisboa, a vacinação terá reflexo nos indicadores a partir da imunização de idosos.

“Do ponto de vista de ocupação dos hospitais o grande impacto será a vacinação das pessoas idosas, principalmente de 65 anos ou mais (…) Abaixo de 45 anos é muito incomum a admissão desses pacientes em UTI”, explica.

Em Divinópolis, cerca de 3 mil pessoas foram imunizadas até o momento entre profissionais de saúde e idosos com mais de 60 anos institucionalizados.

Comércio aberto

Com as novas diretrizes do programa Minas Consciente, permitindo a abertura da atividade econômica também na onda vermelha, Lisboa acredita que não deverá impactar muito, caso as normas sejam seguidas. 

“Quando falamos nas medidas, temos que refletir no que estamos liberando e como. Existem formas de fazer algum grau de liberação, como o comércio, eventualmente de alguns restaurantes dentro de um critério de segurança individualizado e organizado”, argumenta.

Para ele, a “forma responsável” para permitir a abertura é garantindo o uso de máscaras. O médico afirma que se a medida estivesse em prática desde o começo da pandemia o cenário poderia ser diferente.

“O Contexto da pandemia foi muito equivocado. Porque as lideranças, tanto no nosso país, como nos EUA, e isso tem uma repercussão global, o Boris Johnson na Inglaterra, tiveram um comportamento inapropriado. Se fosse enfatizado que a medida mais eficaz é usar a máscara o tempo todo, talvez as coisas não tivessem caminhado desse jeito”, alerta.