Marreco disse que irá liberar informações telefônicas se o mesmo pedidos for feito para todos os vereadores (Foto: Helena Cristino/CMD)

 

Ele foi o primeiro a ser sabatinado pelos membros da CPI dos Áudios; Dois depoimentos foram adiados

Marcelo Lopes

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga indícios da prática de atos lesivos ao interesse público por parte do Poder Executivo, teve a primeira oitiva realizada na manhã desta segunda-feira (25), na Câmara de Divinópolis. O primeiro a prestar depoimento foi o ex-aliado do prefeito, Galileu Machado (MDB), Marcelo Máximo de Morais, mais conhecido como Marcelo Marreco.

Em aproximadamente duas horas e meia de sessão, Marreco foi sabatinado pelos vereadores que compõem a comissão, presidida por Ademir Silva (PSD) e que tem como demais membros o relator, Renato Ferreira (PSDB), Edson Sousa (MDB), Josafá Anderson (PPS) e Raimundo Nonato (PDT). A CPI foi instaurada após o vazamento de áudios envolvendo Galileu, Marcelo e o editor do Divinews, Geraldo Passos. As gravações revelam uma suposta negociata de cargo na prefeitura da cidade.

Ligações

Marreco foi colocado na condição de testemunha ao ser sabatinado. Antes das perguntas, foi reproduzido o primeiro áudio, denunciado por Marreco, envolvendo uma conversa entre o mesmo e Galileu. A gravação deu origem a toda a investigação.

Dentre as questões preliminares, foi questionado à Marreco qual seria a relação dele com o prefeito. Como resposta, o denunciante disse que foi membro do MDB (anteriormente PMDB), por 25 anos, assim como Galileu.

O primeiro vereador a questionar foi Renato Ferreira. O edil perguntou sobre qual era a intenção das gravações e da denúncia feita em abril, quando usou a Tribuna Livre. Sem ser objetivo, Marreco mencionou as denúncias envolvendo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as quais, são feitas por ele desde 2009 e também o decreto o nomeando para o cargo de Coordenador de Abastecimento Alimentar na Secretaria de Desenvolvimento Agrônomo.

Em algumas questões feitas por Josafá Anderson, Marreco relatou que as denúncias eram sequências de outras já feitas em administrações anteriores e que existem novidades graves a respeito de irregularidades e que Galileu não queria que ele fosse à Tribuna por causa delas. Entretanto, não disse quais são.

Segundo o denunciante, o editor do Divinews teria ligado para ele quatro vezes no dia anterior ao uso da tribuna para tentar impedi-lo. Afirmou que não tem ligação de amizade com passos e que desconhece o objetivo dele ao interver nesta questão.

Ao ser questionado sobre se houve edições nas gravações, o denunciante tentou fugir da pergunta, dizendo que isso vai ser averiguado pelo Ministério Público. Elas, segundo o denunciante, ocorreram entre fevereiro e abril deste ano.

Possível auxílio

Raimundo Nonato solicitou a reprodução de mais uma gravação, dizendo que existia a presença de mais pessoas ao lado de Marreco. Marreco negou, mas pressionado, admitiu que no momento da gravação estava com um homem chamado Jairo Gomes.

Nonato disse ainda que o decreto para o cargo oferecido a Marreco é um fato incompleto, pois o documento não tinha a assinatura de um procurador. Segundo o depoente, o decreto foi levado até a casa dele em abril por Geraldo Passos, a secretária municipal de Administração, Orçamento e Informação, Raquel Oliveira e o secretário de governo, Roberto Chaves.

De acordo com Marreco, o nome dele estava incorreto, estando como Marcelo Máximo de Assis, ao invés de Marcelo Máximo de Morais. Ele ainda disse que não aceitou o cargo por não ter conhecimento técnico. Questionado se aceitaria outro, ele reafirmou que apenas se tivesse capacidade para assumi-lo. Um dos vereadores chegou a questiona-lo se ele havia pedido um cargo na Secretaria Adjunta Sobre Drogas, ele negou.

Cargos

Edson Sousa – o qual encabeçou o pedido de CPI – abordou, em boa parte das questões – termos ligados à secretaria para a qual Marreco foi nomeado. O vereador quis mostrar a falta de notório saber e instrução para ocupar o cargo. O denunciante não tem a oitava série completa e para assumir a coordenação é necessário ter segundo grau completo.

Edson também pediu a quebra de sigilo telefônico entre o período de 14 de junho do ano passado até 23 de abril deste ano. A ideia é saber quem ligou para Marreco neste período e averiguar se houve envolvimento do ex-assessor especial, Fausto Barros. Ele foi afastado do cargo judicialmente por suspeita de coação de testemunha. Após um período afastado, ele pediu exoneração. Neste período ele não poderia envolver com questões relacionadas ao governo.

Outros fatos

Durante a oitiva também surgiu a ameaça de morte relatada pelo ex-aliado do prefeito nas redes sociais. Ele teria recebido uma cora de flores durante a campanha eleitoral com o dizeres “Está chegando a sua hora, Marreco”. Entretanto, teria a ignorado e mantido a campanha.

Ele também mencionou o fechamento do restaurante dele, segundo Marreco, por perseguição, após ter denunciado o PAC aos órgãos competentes.

Direito de resposta

Marreco confirmou à imprensa que irá fazer um novo pronunciamento na Tribuna Livre, respondendo acusações de Dr. Delano. O vereador teria dito que ele deve “metade da cidade e que é uma pessoa sem crédito”.

De acordo com o presidente da CPI, Ademir Silva, a perícia técnica com os áudios será entregue em cópias para a comissão e o Ministério Público.

Nesta segunda (25), também iriam depor Galileu e o procurador federal, Lauro Coelho Junior, porém, os depoentes pediram a remarcação de novas datas. Coelho está em Oliveira e Galileu disse que irá depor apenas quando tiver o laudo pericial dos áudios.