“Uma cidade que se orgulha de seus avanços na educação precisa olhar com seriedade para seus desafios”
Embora a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) — Lei nº 13.146/2015 — assegure o direito de estudantes com deficiência à educação inclusiva, a realidade nas salas de aula da rede pública de ensino ainda está distante de atender, de forma digna e efetiva, os princípios de respeito, equidade e acolhimento. Em teoria, a vaga está garantida. Mas, na prática, a presença do aluno com deficiência em sala muitas vezes não representa verdadeira inclusão. Mas sim uma tentativa desorganizada e fragilizada de integrá-lo num ambiente despreparado.
As deficiências não estão nos alunos, mas sim na estrutura que deveria acolhê-los. Faltam escolas acessíveis, com recursos adaptados, e sobretudo profissionais qualificados para lidar com as particularidades de cada criança ou adolescente. Em muitos casos, são designados assistentes sem a formação necessária para compreender e atuar conforme as necessidades específicas dos estudantes. O resultado é um acompanhamento deficiente, que compromete tanto o aprendizado do aluno com deficiência quanto o funcionamento geral da turma.
Na outra ponta, estão os professores da rede pública, muitos deles esgotados física e emocionalmente, diante de salas superlotadas, carga horária elevada e pouco suporte especializado. Pedir que um único educador dê conta de diferentes níveis de aprendizagem e ainda atue com excelência no atendimento inclusivo, sem a formação adequada e o apoio necessário, é não apenas injusto, mas também impraticável.
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Educação inclusiva cheia de desafios
Caso recente em Divinópolis, que levou ao afastamento de uma professora, reacendeu o debate sobre os limites e as falhas do sistema. O discurso de que “a educação avançou em Divinópolis” contrasta com episódios que evidenciam o despreparo e a falta de investimento adequado. Isso, não apenas em infraestrutura, mas também na formação contínua dos profissionais da educação. Cursos de atualização, oficinas sobre inclusão e novas metodologias pedagógicas são indispensáveis se quisermos transformar o jargão político em realidade concreta.
Além do papel do poder público — que precisa garantir recursos, capacitação e estrutura — é importante lembrar que a família também tem um papel fundamental nesse processo. A escola não é responsável sozinha pela formação educacional, social e emocional da criança. A educação inclusiva é uma via de mão dupla, que exige diálogo constante entre pais, educadores e gestores. Sem esse esforço conjunto, não há avanço que se sustente.
Portanto, mais do que garantir vagas, é preciso garantir inclusão com dignidade, o que implica em investimento real, formação continuada e uma rede de apoio eficiente. Uma cidade que se orgulha de seus avanços na educação precisa olhar com seriedade para seus desafios — e enfrentá-los com compromisso, sensibilidade e coragem.
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