Por Rodrigo Dias
Num mundo desigual é necessário ter atitude. Entendo atitude como o ato de se posicionar diante das situações. Delimitar seu espaço, se expressar e ser reconhecido num determinado meio.
Quem se mostra e não fraqueja se sustenta, e se sustentar é não ser subjugado. É ter noção do seu valor, e que por meio dele tem como crescer e contribuir no contexto em que está inserido.
Cada vez mais as chamadas “minorias” passam a ter controle desse fato. Tanto é verdade que uma palavra é comumente usada para definir essa ascensão: o “empoderamento”.
Do ponto de vista sociológico, empoderar é a ação coletiva de participar de debates que visam potencializar a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis. Esta consciência possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.
O empoderamento da voz, corpo, pensamento e, acima de tudo, atitude das minorias; mas este fenômeno nem sempre agrada. Principalmente ao sistema que sempre reprimiu as minorias e as condicionou num patamar de “sub” mantendo, assim, um dito controle social. Do que pode e do que não pode. De quem serve e de quem é servido.
Com o empoderamento, tem muito negro saindo de fato da senzala, gay do armário e mulher da cozinha. Quem não tinha tanto, agora reivindica seu lugar ao sol, numa sociedade que se forma plural.
No entanto, empoderar é diferente de emparedar, ou seja, coagir pelo discurso sem uma transformação consciente de qual é o seu papel de mudança dentro de um determinado grupo social.
Impor uma atitude pela atitude não é empoderar-se. O empoderamento vem da reflexão, da troca de ideias, experiências e da ação consciente. Quando o empoderar abriga radicalismo e extremismo de uma minoria, ela não consegue ser diferente. Muito pelo contrário, acaba sendo igual ao sistema opressor e sobre esse aspecto, não há crescimento. Não há soma.
Dona Diva Guimarães, mulher negra de 77 anos, deu um bom exemplo do que é empoderar-se. Durante a Flip, na sexta-feira 28 de julho, fez um relato em tom de desabafo. Em 12 minutos chamou a plateia à reflexão sobre a situação do negro no Brasil, recontada a partir da sua história de vida.
Do público arrancou aplausos e lágrimas, mas, sobretudo, colocou no centro do debate uma realidade tão comum na sociedade brasileira.
O empoderamento cívico da Dona Diva continuará inspirando muitos. Por muito tempo. Emparedou o preconceito.