Sócio da Dimecol ainda contou ter recebido ligações de Cleitinho no decorrer da CPI e conversado com o prefeito e vice antes de ser acusado de fraude

O sócio da Dimecol Gustavo Gontijo revelou ter conversado com o deputado estadual e candidato ao Senado Cleitinho Azevedo, com o prefeito Gleidson Azevedo e a vice Janete Aparecida, todos do PSC, antes de ser acusado de “fraudar” orçamentos encaminhados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura gastos com educação. As informações foram reveladas, nesta segunda-feira (5/9), ao programa Bom Dia Divinópolis.

O relatório da CPI da Educação aponta suposto superfatuamento de R$ 8,5 milhões.

As conversas teriam ocorrido no decorrer da CPI. Uma delas, com Cleitinho, foi após a empresa apresentar um orçamento ao próprio programa. O deputado teria ligado para o empresário e dito que aquilo era “muito grave”.

“Naquela ocasião, o Cleitinho me ligou: Gustavo, é muito grave o que aconteceu…e eu fui convidado por ele a subir na prefeitura e conversar com o prefeito. Quando eu conversei com o prefeito e mostrei para ele que ali estava a verdade, que tinha superfaturamento ali, o prefeito não gritou comigo. Passados alguns dias fui convidado a ir na prefeitura, de novo pelo Cleitinho, conversei com a vice-prefeita. Ela também não gritou comigo. Por que agora que eu errei, assumi, enviei um ofício para a câmara, eles estão gritando comigo”, afirma.

Em entrevista, Gontijo também revelou que o prefeito chegou a dizer que teria caído em um golpe.

“Nas conversas que eu tive com o prefeito ele fala que achava que nós caímos em um golpe. Por que ele não torna isso público? Por que fala isso para mim e para a população e imprensa ele não tem coragem de falar?”, indagou.

Rebateu acusações

Ele ainda rebateu as acusações de fraude. A vice-prefeita pediu a instauração de inquérito pela Polícia Civil para apurar a prática, alegando subfaturamento.

“Se a gente fosse uma empresa fraudulenta, a gente não estaria há 32 anos no mercado”, disparou.

O empresário também rebateu declarações de um vereador que teria o desafiado a vender o conjunto de mesa infantil com seis cadeiras a R$ 206. No orçamento, por erro de digitação, o valor foi informado errado. O correto seria R$ 2.061.

“Vereador, se você me comprar os outros R$ 15 milhões errados igual comprou, eu te entrego a R$ 206. O superfaturamento está em torno de R$ 8 milhões, R$ 9 milhões”, afirmou.

Ele ainda questionou a declaração da vice-prefeita que chegou a falar em “pesquisa” no mercado livre para comparação de preço. A afirmação foi direcionada para a relatora da CPI, a vereador Lohanna França (PV).

“Por que ela (vice-prefeita) não fez isso antes de fazer a compra? Por que no mercado livre estava três mil e pouco, ela pagou R$ 4,6 mil.”, rebateu o empresário.

“Ficaram muito eficientes em investigar a Dimecol e pouco eficientes nas empresas das outras cidades”, enfatizou.

Ele ainda disse que se fosse a empresa dele não teria acontecido os problemas detectados pela CPI.

“Comprou R$ 15 milhões em produtos que eu vendo, dentro da minha cidade, e eu sequer participei da licitação”, desabafou.

Gontijo ainda contou que, se as compras tivessem sido feitas na Dimecol, teriam gerado 50 empregos diretos.

CPI

O relatório da CPI aponta suposto superfaturamento de R$ 8,5 milhões, além de formação de cartel entre as empresas participantes. Ele ainda cita a responsabilizações por parte de secretário, servidores, prefeito, vice, por imperícia, negligência e omissão.