Ele é suspeito de integrar quadrilha especializada em golpes de estelionato e lavagem de dinheiro
A Polícia Federal e a Receita Federal realizaram em conjunto, nesta quinta-feira (11/11), a Operação Octanagem, que contou com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada na prática de golpes de estelionato e lavagem de dinheiro. O alvo da ação foi Divinópolis.
O dono do grupo Xavante Adriano de Jesus e a esposa foram presos temporariamente no apartamento do casal suspeitos de envolvimento no esquema. Além deles também foram detidos outros parentes. Adriano seria um dos cabeças. Ao todo, 11 foram detidos e uma pessoa está foragida.
Na operação, foram expedidos, pela 11ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, 14 mandados de busca e apreensão e ordens judicias de sequestro e indisponibilidade de bens de 47 pessoas físicas e jurídicas, cumpridos pelos dois órgãos federais.
Cerca de R$11 mil em dinheiro foram apreendidos, além de três carros de luxo, documentos, computadores.
Investigação
De acordo com a PF, a quadrilha foi identificada através da Representação Regional da Interpol em Minas Gerais, após a expedição de mais de 300 documentos federais e estaduais, ideologicamente falsos. Com estas informações, as investigações foram iniciadas em julho de 2020.
O trabalho de apuração constatou que com o uso destes documentos falsos (como carteiras de identidade e de habilitação e CPFs), a quadrilha praticou fraudes contra instituições financeiras, passando logo em seguida a lavar o dinheiro, obtido de maneira ilegal, em uma rede de combustíveis de aproximadamente 30 postos, a qual tem grande atuação no centro-oeste de Minas e na Bahia.
Os suspeitos expediram documentos falsos em nome de 47 pessoas físicas e posteriormente utilizados em alterações contratuais de 38 empresas registradas nas juntas comerciais destes dois estados. As documentações eram usadas para abertura de empresas e a aplicação de golpes de estelionato no mercado, em diversas instituições financeiras e também contra particulares. Os documentos tinha a foto de Adriano de Jesus.
“Eles conseguiam um crédito ou empréstimo muito grande, tiravam o dinheiro e sumiam. Quando o banco ia atrás não existia nem a empresa e nem a pessoa”, explicou o delegado chefe da Polícia Federal, Daniel Souza.
Esses golpes teriam ocorrido até 2016. A partir de então, o grupo teria começado a lavar dinheiro com a compra de postos de combustíveis no Centro-Oeste e a investir no ramo imobiliário na Bahia para tornar o dinheiro ilícito em lícito.
“A partir desse levantamento, foi apurado que eles utilizaram os valores obtidos nessas falsificações, na lavagem de dinheiro e aí cresceram o patrimônio de forma exponencial, aplicando impostos na rede de postos de combustíveis e também no mercado imobiliário”, relatou o delegado da Polícia Federal, Felipe Baeta.
A Polícia Federal também irá investigar em segundo momento a participação de servidores públicos, isso porque apesar dos dados falsos nos documentos, a emissão era feita diretamente pelos órgãos competentes.
Prejuízo
Nestes crimes, o grupo, que possui sedes nas cidades de Divinópolis (MG), Lauro de Freitas (BA) e na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), causou um prejuízo que ultrapassou os R$ 12.5 milhões, em valores não atualizados, às instituições financeiras.
Segundo o delegado chefe da Polícia Federal em valores atualizados, os quais a investigação recebeu de alguns bancos, o prejuízo vai mais além, superando a quantia entre R$50 milhões e R$100 milhões. R$12 milhões em bens foram bloqueados, para serem ressarcidos futuramente.
“Nós identificamos todos os bens que estão em nomes de laranjas, de parentes, de terceiros, tudo isso foi identificado e bloqueado. Na data de hoje também foi expedido para os cartórios de imóveis e os Detrans. Estes bens foram todos bloqueados. Temos carretas aqui de transporte de combustível, caminhões, tudo isso foi bloqueado judicialmente”, contou Daniel.
Informações falsas e deboche
O auditor fiscal Michel Lopes Teodoro explicou também que a quadrilha criava várias empresas para poder dividir o faturamento e assim, sonegar impostos. Ele contou que um dos envolvidos declarou para a Receita Federal que recebeu, em três anos, cerca de R$40 mil. Entretanto, houve uma compra de um automóvel, no início deste ano, no valor de R$192 mil.
“Em uma das interceptações telefônicas, que foi autorizada pela justiça, um dos alvos que foram presos hoje, falou que estava fazendo há muitos anos, recebeu mais de milhões e que os auditores fiscais nunca pegaram. Então, esse trabalho de hoje, é uma prestação de contas para a sociedade, para mostrar a atuação da Receita Federal e que o crime não compensa”, disse o auditor fiscal.
Defesa
O advogado de defesa do grupo, Caio Martins negou os crimes e declarou que o dono da rede, Adriano de Jesus, perdeu todos os documentos há alguns anos.
Ele relatou também que a movimentação dos envolvidos é totalmente lícita.
Prisão
Os investigados responderão por diversos crimes, como o de organização criminosa (pena de 03 a 08 anos de prisão) e lavagem de dinheiro (pena de 03 a 10 anos de prisão).
Eles foram encaminhados para o presídio Floramar, onde ficarão à disposição da Justiça.