Por Rodrigo Dias

Não tem jeito: com o advento das redes sociais, em que as pessoas de variadas culturas e classes estão ligadas, on line, numa grande aldeia global, não tem como não fugir da divergência de ideias.

No meu ponto de vista – dentro de um bom senso – essa interação é salutar, na medida em que contribui para a construção de um entendimento mais amplo sobre determinado assunto.

Divergir ideias não pode ser entendido como não aceitar o outro ou achar que ele é menor, a ponto de não lhe acrescentar algo. Debater ideias é procurar o concreto das coisas respeitando as posições e a coerência dos fatos.

No entanto, como as redes sociais se constituem num campo onde as emoções não podem ser medidas por fatores externos a ela, visto que o contato não é face a face, olho no olho, corre-se o risco de algo dito ser mal-interpretado e, assim, comprometer todo o debate.

Rede social não é lugar para ficar gritando ideologias sem mais, sem menos. É espaço de interação e discussão e não de exercício de truculência verbal que esconde, em muitos casos, uma falta de argumento, conteúdo, dentro daquilo que se discute no momento.

Há de se ressaltar também que todos têm os seus valores, que impactam no que se pensa e se escreve no espaço virtual. Essa pluralidade, a possibilidade de interação e a instantaneidade devem ser mais bem aproveitadas nas redes sociais.

Há uma grande diferença em causar um “mimimi” e ter opinião. Quem confunde o primeiro com o segundo fato deixa as discussões rasas, superficiais. É este um dos grandes problemas dentro de tudo que se fala nas redes sociais.

Daí, o que seria uma boa possibilidade de se criar um entendimento mais concreto sobre um determinado assunto, vira um fla-flu sem sentido. Em que os envolvidos não se preocupam em consubstanciar suas posições, mas, sim, em agredir, ridicularizar e/ou inferiorizar o outro e sua posição.

As redes sociais – como ferramenta de informação e de geração de debate – ainda têm muito que evoluir e essa evolução não é tecnológica. Quem se propõe a utilizar esse instrumento para tal objetivo deve estar mais bem preparado e certo das suas opiniões.

Debater só por convicção, ou seja, só por acreditar cegamente num fato, sem ter nada mais sólido que o sustente, é sinal de fraqueza. Os debates terão que ser mais maduros, desprendidos de passionalidade e feitos com maior racionalidade.

Assim, é possível gerar conceitos e entendimentos que contribuam para todos que estão envolvidos numa discussão.

Penso que agindo assim teremos mais opinião e menos “mimimi” nas redes sociais. Despoluindo-as de argumentos que não agregam, muito pelo contrário, que só separam as pessoas. Inclusive aquelas que são amigas no mundo real e se tornam inimigas no mundo virtual.

É surreal, mas muito disso tem ocorrido.