Para estancar a crise do Hospital São João de Deus, o governo estadual irá apresentar, nesta quarta-feira (06), um estudo propondo um novo modelo de gestão. A proposta será repassada pelo secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira ao Ministério Público. Os promotores Sérgio Gildin e Ubiratan Domingues irão participar do encontro.
O modelo que será apresentado ainda está guardado a sete chaves. Em entrevista exclusiva ao PORTAL, Gildin apenas antecipou que o governo quer uma administração consorciada entre o privado e o Estado. Isso não significaria assumir toda a responsabilidade ou regionalizar o hospital tornando-o totalmente público.
“Não sabemos qual é a proposta do Estado. Sei que eles querem se engajar mais na administração do hospital e eu quero que o Estado participe mais com o aporte de recursos que ele deve. Não só o Estado, a União e o Município também”, afirmou Gildin.
Com esse novo modelo, o Ministério Público também espera a ampliação dos procedimentos hospitalares que já chegaram a 1,5 mil e hoje não passam de 900.
Atrasos
Antes de colocar em prática um novo modelo, o promotor cobra o cumprimento de acordos. O primeiro passo seria efetuar os repasses atrasados com o São João de Deus. Por exemplo, fazer o pagamento para a ampliação de leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
“No mínimo pagar o que deve e ajudar a gente. Já que o governo do Estado é do PT, o da União é do PT, o secretário de Estado [Helvécio Magalhães] já foi secretário nacional da atenção à saúde, agilizar o recebimento da verba que o hospital tem a receber para quitar os débitos que tem com os médicos que já é grande”, pondera.
Com o pagamento em atraso de repasses estaduais e federais o hospital conseguiria quitar os débitos com os médicos, pessoal e fornecedores, segundo o promotor. Também ajudaria a reativar serviços parados, por exemplo, clínica geral que atende a saúde suplementar (convênios e particulares).
“A dívida bancária está equacionada, a fiscal está equacionada, tudo sendo pago”, salientou, acrescentando que a dívida anual reduziu em quase 66%.
Ampliação
Essa proposta também deverá ser estendida à toda a região para ampliar o parque hospitalar. Um dos problemas de superlotação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis é devido à falta de leitos. Sem vagas nos hospitais, os pacientes vão se aglomerando pelos corredores.
“Estamos em uma intensa atuação, inclusive junto com o Ministério Público Federal desde o ano passado, para que os governos federal, estadual, municipal de toda a região possam apresentar uma solução para a assistência regional”, disse Ubiratan Domingues.
A crise também atinge hospitais de Formiga, Nova Serrana e de outros municípios do Centro-Oeste.
“Não vou falar se vai fechar ou se não vai fechar, porque um hospital dessa importância, o único que atende o SUS nesta região, simplesmente não pode fechar, desabastecer toda a região”.