Temos urgência em um debate honesto sobre tema. Não basta a indignação superficial das redes sociais.

Quando uma mulher é vítima de violência, todas as outras são. É como evidenciar a fragilidade de uma sociedade que não consegue resguardar direitos, preservar vidas. É reflexo da ausência de políticas públicas para enfrentamento e prevenção de crimes que fazem vítimas, assustadoramente, todos os dias, por serem tão naturalizados.

A culpa, sempre recair sobre a mulher, mesmo quando ela, em um ato de desespero pede socorro. Medidas protetivas falhas, que não conseguem manter o risco afastado, mesmo após um grito por ajuda. A verdade é: nunca se está segura.

Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. Um estupro ocorre a cada 11 minutos. 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora. São registrados cinco espancamentos a cada dois minutos. Os dados alarmantes foram copilados do Dossiê Violência contra as Mulheres.

Em Divinópolis, choramos a morte de Maria Luiza e Edanya. Mãe e filha tiveram o direito à vida arrancados de forma brutal.

Uma família foi destruída pelo machismo estrutural que faz homens acreditarem, por uma cultura que precisa ser desconstruída, de que mulheres são propriedades.

A culpa NUNCA é da vítima, embora, ainda assim, há quem tente sempre colocar o violentador como alguém que tem justificativas. Culpar a mulher é uma forma de duplamente violenta-la. Uma estratégia do patriarcado que as deixa às margens da sociedade.

O feminicídio representa a violação de um dos direitos mais fundamentais do ser humano: o direito a vida. Precisamos aceitar que há um problema bárbaro ocorrendo no país: estão matando mulheres.

Temos urgência em um debate honesto sobre tema. Não basta a indignação superficial das redes sociais. É preciso ir além. É preciso que os homens assumam a sua parcela responsabilidade nesta pauta. Não adiante se indignar sem repreender o amigo que bate na namorada, que assedia as mulheres na balada ou faz piadas machistas.

A violência tem múltiplas faces e precisa ser debatida sem preconceitos para romper pré-conceitos. Ela representa a violação de direitos humanos que ocorre independente de raça, credo religioso, etnia, orientação sexual e faixa etária.

Estamos falando de estupro, abuso sexual, lesbocídio, feminicídio, mas também de violência moral.
Atrás de um feminicídio há sempre um outro tipo de violência que o antecede. Algumas, nem sempre, identificadas pela própria vítima.

A urgência está em tirar do papel políticas públicas para romper essa barreira que normaliza a violência contra a mulher. É preciso construir um ambiente seguro capaz de dar autonomia, poder e segurança às mulheres.

Isso passa por todas as esferas: municipal, estadual, federal. Para isso, precisamos de lideranças, verdadeiramente, comprometidas com a causa, para muito além, de “leis de gavetas”.

Mas, também depende de cada um de nós.